Preços do arroz se recuperam avaliando câmbio e clima

A queda acentuada da produção e o atraso da colheita, somados à desvalorização do real, resultam num quadro altista para as cotações.

O mercado brasileiro de arroz encerra a semana com preços em recuperação. Na média do mercado gaúcho a saca de 50 kg é cotada a R$ 42,32, acumulando ganhos de 3,80% quando comparado ao preço praticado há um mês e de 12,69% frente ao patamar de um ano atrás.

Segundo o analista de Safras & Mercado, Mahal Terra, essa recuperação deve-se a uma combinação de fatores. “O câmbio desvalorizado permitiu um bom escoamento dos excedentes internos via comércio internacional e, consequentemente, um enxugamento da disponibilidade interna do grão. Isso já seria suficiente para garantir uma recuperação das cotações pelas paridades de importação e de exportação. Porém, as dificuldades climáticas trazidas pelo El Niño comprometeram a safra, especialmente no Rio Grande do Sul”.

A queda acentuada da produção e o atraso da colheita, somados à desvalorização do real, resultam num quadro altista para as cotações. Conforme Terra, esse cenário só não é mais evidente porque a crise econômica segue limitando o poder de compra da população brasileira.

“As indústrias encontram dificuldade em repassar a elevação das cotações do grão em casca para o atacado e varejo. Na outra ponta, os produtores estão reticentes em vender aos atuais patamares. Com o clima adverso tendo reduzido o volume de produção ao menor patamar desde 2002/03 e atrasado o início da colheita, a tendência é que as cotações permaneçam em recuperação”, analista.

O dólar acima de R$ 4,00, dificultando as importações e mantendo o produto nacional atrativo no estrangeiro, é mais um fator que corrobora para a tendência de recuperação. Números levantados por Safras & Mercado sinalizam para uma produção de 11,05 milhões de toneladas. O consumo nacional é próximo a 12 milhões de toneladas. “Isso significa que para atender o consumo interno, pela primeira vez desde 2010, o país precisará importar um volume superior ao que exportará”, finaliza o analista.

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