O contra-ataque

 O contra-ataque

Ogoshi (de chapéu): busca de resistência é prioridade

Pesquisa aposta na genética para driblar
os custos e prejuízos
provocados pela brusone
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 A brusone (Pyricularia oryzae), causada pelo fungo Magnaporthe oryzae, é a principal doença do arroz irrigado e aliada a fatores como suscetibilidade de cultivares, épocas de semeadura tardia, adubação desequilibrada e condições climáticas favoráveis pode ocasionar perdas de até 100% de produtividade. Nas últimas cinco temporadas, a presença da doença avançou de 25% para 100% das áreas arrozeiras do Rio Grande do Sul e também apresenta importante ocorrência em Santa Catarina, Mato Grosso e Tocantins, principais regiões de produção do Brasil.

O engenheiro agrônomo Cláudio Ogoshi, fitopatologista da Estação Experimental do Arroz do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) em Cachoeirinha, explica que há 16 anos (na safra 1999/00) o centro de pesquisas começou a lançar cultivares com resistência à doença. O programa de melhoramento genético de arroz irrigado do Irga utiliza uma estratégia para a obtenção de genótipos resistentes à brusone, denominada de “Hot Spot”, no município gaúcho de Torres, onde as condições ambientais são muito favoráveis ao surgimento do fungo.

“Na média, anualmente são avaliados em torno de 5 mil genótipos. Como consequência deste trabalho, as cultivares Irga, quando são lançadas, têm resistência à doença”. Na temporada 2015/16, a cultivar Irga 424 RI, no mercado desde o ano passado, mostrou excelente desempenho na resistência ao fungo. Ela é essencialmente derivada da cultivar Irga 424, resistente à brusone tanto na folha quanto na panícula, explica. “A utilização de cultivares resistentes é a principal tática a ser utilizada, pois tem baixo custo e não prejudica o meio ambiente e a saúde humana. Desta forma, a variedade tornou-se importante aliada dos orizicultores quando se pensa em reduzir custos de produção, pois diminuiu a necessidade da aplicação de fungicidas diante das plantas suscetíveis”, ressalta.

QUESTÃO BÁSICA
O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, da área de melhoramento genético, Paulo Fagundes, considera que devido à importância da incidência da doença fúngica nas áreas arrozeiras do país, a tendência é de que os programas de melhoramento busquem agregar resistência ao fungo em todas as novas variedades comerciais. “Atualmente este é um pré-requisito para as novas cultivares”, reconhece. Segundo ele, difícil é identificar fatores de resistência, uma vez que há diversas raças do fungo ocorrendo em diferentes regiões do Brasil. Invariavelmente, em duas ou três safras a resistência da planta é quebrada. “O grande desafio é encontrar uma resistência duradoura, ampla, que seja estável por mais tempo”, explica o também melhorista da Embrapa Clima Temperado Ariano de Magalhães Júnior.

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