Fungos e bactérias são aliados no combate a doenças do arroz

 Fungos e bactérias são aliados no combate a doenças do arroz

Micro-organismos podem combater doenças do arroz com segurança

Pesquisa vai trazer avanços ao controle de doenças
na lavoura orizícola.

 Extratos naturais e micro-organismos, como fungos e bactérias, poderão ser as novas armas para combater e evitar enfermidades do arrozal. Cientistas estão identificando essências vegetais e micro-organismos mais adequados ao combate a doenças e a insetos-praga e pesquisando sua aplicação na lavoura. Os especialistas procuram matérias-primas naturais que possam ser usadas na formulação de novos bioprodutos.

A pesquisa está voltada à investigação dos gêneros Trichoderma, Cladosporium e Epicoccum e de bactérias (rizibactérias e actinomicetos), além do fungo micorrízico Waiteacircinata. Todos vivem no solo ou na parte aérea da planta, em interação com as raízes e folhas do arroz, sem causar danos ao vegetal. Evidências indicam que essas espécies são benéficas aos vegetais, o que será verificado cientificamente pelo projeto. O trabalho reúne especialistas da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Universidade Federal de Goiás (UFGO), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e Embrapa.

Esses fungos e bactérias são reconhecidamente antagonistas de duas das principais doenças da cultura, brusone e queima-da-bainha, e de insetos-pragas, como lagartas (Spodopterafrugiperda) e percevejos do grão (Oebaluspoecilus), do colmo (Tibracalimbativentris) e de brocas (Diatrasaccharalis e Rubelaalbinella), presentes tanto no sistema produtivo de terras altas como em várzeas tropicais e subtropicais do país.
“O desafio é aprofundar o conhecimento e identificar e caracterizar os inimigos naturais para se chegar aos mais eficientes no controle de doenças e insetos-pragas do arroz”, diz a pesquisadora da Embrapa Marta Cristina Filippi, que coordena a pesquisa.

Em uma segunda etapa, o estudo abrangerá a compreensão de quais mecanismos bioquímicos envolvidos na defesa da planta são ativados por esses agentes fazendo com que o arroz suporte o ataque de brusone, da queima-da-bainha e de alguns insetos. A pesquisa buscará, por meio de testes no campo e laboratório, gerar formulações, dosagens e métodos de aplicação dos bioagentes e extratos.

Marta Cristina afirma que essa pesquisa é importante para se obter mais alternativas que fortaleçam, nos sistemas orizicultores, o manejo integrado de doenças e insetos-pragas (MIP). Esse manejo consiste na associação de diferentes técnicas agronômicas para manter a sanidade das lavouras em níveis toleráveis af im de assegurar que não existam danos econômicos à produção.

A perspectiva é que a pesquisa dure quatro anos e os produtos de origem biológica estejam validados por volta de 2019. Eles irão se somar a outras opções para o controle de pragas, dentre elas, o uso de cultivares mais resistentes.

MENOS DEFENSIVOS QUÍMICOS
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o uso de agrotóxico no Brasil, de modo geral, mais que dobrou entre 2002 e 2012, crescendo de 2,7 para 6,9 quilos por hectare. Esse dado leva em conta a comercialização total de defensivos químicos a cada ano e não faz distinção entre as diferentes culturas. Com alternativas aos químicos, a cultura do arroz poderá reduzir o consumo de agrotóxicos promovendo ganhos ambientais e econômicos.

CONTROLE BIOLÓGICO
O trabalho com os agentes biológicos está focado no manejo integrado de doenças e pragas do arroz. Essa forma de combater as pragas, por meio de um agente já existente na natureza, é um exemplo do chamado controle biológico. Por ocorrer em níveis microscópicos, essa ação muitas vezes passa despercebida. No entanto, são esses agentes naturais que restabelecem o equilíbrio dos agroecossistemas.

FOTO: RODRIGO PEIXOTO

 

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