Aumento de produtividade no foco da pesquisa

Entre as iniciativas, para a safra 2016/2017, o Projeto 10, desenvolvido pelo Irga, será repaginado.

A programação da segunda etapa do tradicional Dia do Arroz, que já faz parte do calendário oficial de eventos da Expointer de Esteio, debateu diferentes aspectos para que os produtores de arroz tenham maior produtividade sem impactar no tamanho da área. O Brasil é hoje o país que mais consome arroz no mundo fora da Ásia e o Rio Grande do Sul é o maior produtor do grão no país, mas o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) acredita que muito ainda pode ser feito. “A alternativa que nós temos é buscar o aumento da produção, não de área, e nós dispomos de tecnologia para isso”, afirmou Maurício Fisher, diretor técnico do Irga.

Em 2015, o Estado teve 9 mil e 32 lavouras cultivadas com o grão, mas a produtividade não estaria acompanhado o aumento nos custos. Segundo Fisher, a produtividade se manteve estável nos últimos dois anos enquanto os custos tiveram um acréscimo significativo. De acordo com o Instituto, cerca de 40% das lavouras de arroz no Rio Grande do Sul obtiveram uma marca superior aos 7.500 kg de arroz por hectare de terra graças ao uso da tecnologia. “Queremos elevar um grupo maior de produtores a este patamar”, concluiu.

Entre as iniciativas, para a safra 2016/2017, o Projeto 10, desenvolvido pelo Irga, será repaginado através da retomada de uma parceria estratégica que integra pesquisa, extensão e produtores, com apoio do Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado (FLAR), passando a se chamar Projeto 10+. A meta é elevar a produtividade média do arroz no Rio Grande do Sul para 8,5t/ha nos próximos três anos. O projeto prevê a instalação de 60 lavouras demonstrativas e a realização de 120 roteiros técnicos para impactar 800 produtores em 22 municípios nas regiões arrozeiras. Até 2018, espera-se alcançar 100 municípios e mais de 2 mil produtores.

Entre os pontos positivos da cultura do arroz no RS destacou-se que, hoje, quase todas as lavouras de arroz no Estado possuem licença ambiental e isso permite que, futuramente, se comercialize melhor a nossa produção. Traçando uma linha do tempo, Luciano Carmona, consultor do FLAR, apresentou um gráfico com a história do arroz no RS, lembrando da Revolução Verde em 1970. No cenário atual, Carmona enfatizou a importância do controle de plantas daninhas na lavoura, “É um problema de fácil solução, mas, se continuarmos usando o mesmo processo de herbicidas que se usava há 10 anos, não vai funcionar”, garantiu. Carmona também citou os desafios da irrigação, o uso de sementes certificadas, o manejo adequado e a tecnologia.

O Dia do Arroz levou ao público o fórum “Uma nova etapa para o aumento da produção de arroz no Rio Grande do Sul”. O tema foi tratado pelo professor Enio Marchesan, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Para que a temática se concretize, Marchesan acredita que uma das principais alternativas, além do manejo correto e do uso de tecnologia, seja a rotatividade de culturas, especialmente com o plantio da soja em lavouras de arroz. “A soja é um dos melhores caminhos para recuperar rapidamente a lavoura e o fluxo no caixa do produtor”, explicou o professor. Marchesan acrescentou que o produtor poderia manter ainda uma pastagem com alta tecnologia, colocando esta lavoura em um nível mais elevado.

O aumento da produtividade, através da rotação das culturas de arroz e soja, é um dos principais objetivos do Projeto Soja 6000, lançada no ano passado pelo Irga, que prevê o rendimento de 6.000 kg/ha de grãos, o que explica o nome do projeto. Através da pesquisa de extensão, o Instituto cultivou o grão na chamada região 101, que abrange a metade sul do Estado nas áreas onde se cultiva o arroz. “Nosso foco continua sendo o arroz, mas temos que olhar os benefícios da cultura em rotação”, explicou Rodrigo Schoenfeld, gerente de Pesquisa do Irga.

O projeto reúne estratégias de manejo aliadas ao conhecimento do solo. O produtor de arroz que participou do debate, Geovano Parcianello, garantiu ao público que obteve melhores resultados nas lavouras onde utilizou esta tecnologia. Mas o gerente de pesquisa do Irga lembrou que “não existe soja de alto rendimento plantada em dezembro”, orientando que o plantio seja feito ainda no mês de setembro.

A ideia do Irga é buscar uma conexão entre o Projeto 10+ e o Projeto Soja 6000, de forma que os dois sejam complementares. O Dia do Arroz teve transmissão ao vivo pelo Canal Rural para todo Brasil.

3 Comentários

  • Nunca é demais lembrar que aumentando a produtividade aumenta-se a produção. Como o consumo de arroz para a hora do almoço é inelástico ( não se aumenta a quantidade consumida ou não se almoça duas vezes), há a necessidade de trabalhar outras formas de consumo. Ou ainda produzir bem e vender mal adianta pouco! Já cometemos este erro uma vez, portanto fiquemos despertos para a relação produção e consumo. Espaço há!

  • Boa Tarde!
    Bem observado e bem lembrado Zé Nei.
    Soja se exporta e arroz se importa. Vamos doar para alguém a produção em excesso ?
    Aumento de produtividade sim mas, aumento de produção geral é tiro no pé.
    Tem que diminuir área de plantio com este incremento de produtividade ou , cada vez mais, fica o produtor sem preço na hora da entrega…
    Bons negócios!

  • Infelizmente Éverci a maioria dos produtores são como o jogador que entrou no cassino e está perdendo feio, aposta novamente na esperança de que produzindo mais vai tirar a sorte grande, ledo engano, com excesso de produção o preço cai vertiginosamente e o resultado é prejuízo na certa, o dono da banca vai rir de ganhar dinheiro com o que apostador jogar. Precisamos sim achar maneiras de aumentar o uso e consumo de arroz, precisamos desenvolver meios de agregar valor ao nosso produto arroz.
    Se produzissemos a metade da produção com a metade do custo do investimento ganharíamos provavelmente o mesmo valor que ganhamos com a produção em escala cheia, a diferença é que com a valorização do produto teríamos finalmente lucro, coisa que não ocorre com a produção em escala cheia. Infelizmente nossa classe não se dá conta disso e continua dando tiro no pé.

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