Tá na área
As estimativas para a projeção de área plantada de arroz mostram a tendência de queda nos próximos anos. Pelas projeções do Mapa, a superfície semeada anualmente pode cair pela metade, de 1,9 milhão de hectares em 2016/17 para menos de 1 milhão de hectares em 2026/27.
Apesar dessa projeção pelo modelo adotado pelo Ministério, técnicos da Conab acreditam que tamanha redução de área não é provável que ocorra. Posicionamento similar é compartilhado por pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão, de Santo Antônio do Goiás (GO), que, no entanto, acreditam numa redução da área de arroz de terras altas que será compensada pela maior produtividade do irrigado em clima temperado e tropical.
Os pesquisadores da Embrapa consideram que os números de área plantada apontam para uma redução considerável no sequeiro, o que, do ponto de vista prático, implicaria em dizer que em 10 anos somente se plantará arroz irrigado no Brasil. Isso representaria o fim do arroz de terras altas, que não usa irrigação. Por outro lado, existem possibilidades reais de aumento de área no arroz irrigado, no Tocantins, por exemplo, o que poderia proporcionar uma lavoura em terras baixas ligeiramente maior do que a atual.
No Rio Grande do Sul, atualmente a área está em pouco mais de 1,1 milhão de hectares, dimensão que deverá permanecer ou sofrer pequena redução pela concorrência com a soja. Técnicos da Conab acreditam que a área arrozeira pode até se expandir em outras regiões do Brasil, dependendo de incentivos de crédito e estímulos de preços, o que seria interessante do ponto de vista da logística e do abastecimento levando em conta o risco da concentração atual.
Já em Santa Catarina, onde as áreas de arroz irrigado são restritas, existe uma forte competição de outros setores (indústria e comércio) pela ocupação de parte das áreas de produção, principalmente em regiões próximas a rodovias. Neste estado, a produção é concentrada em pequenas áreas e na agricultura familiar.
O que deve ocorrer com a redução da participação do arroz de terras altas no Brasil é um aumento considerável na produtividade média, pois em sistemas irrigados o rendimento por área é bem superior. A produção fica, também, condicionada ao consumo interno, que vem apresentando sinais de queda. Se, porém, o Brasil conseguir se inserir, efetivamente, no mercado internacional, abrirá novas oportunidades para expandir a lavoura nacional.