Sem rede de segurança

 Sem rede de segurança

Colheita gaúcha pode cair 1 milhão de toneladas

Queda pode levar produção gaúcha ao nível dos piores fenômenos
El Niño em 2019
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 Com uma redução de quase 60 mil hectares, dependendo da fonte, a lavoura gaúcha na temporada 2018/19 pode produzir até 1,2 milhão de toneladas a menos do que as 8,4 milhões de toneladas da safra 2017/18. Isso porque, além da área menor, 10 dias de chuvas concentradas pelo fenômeno climático El Niño, em meados de janeiro, avolumaram as perdas, afetaram a produtividade e ainda agravaram a situação econômica de muitos produtores. Em localidades de municípios como Uruguaiana e Alegrete, chegou a chover perto de 750 milímetros em uma semana.

É como se a orizicultura gaúcha experimentasse uma queda livre, sem rede de segurança. Num primeiro momento, a redução de área foi movida pelo alto custo de produção, pela falta de renda nas últimas safras e, parcialmente, pela busca de outras opções, como o cultivo da soja. Num segundo momento, os investimentos em tecnologia foram menores em boa parte das lavouras por dificuldades de acesso ao crédito e houve queda dos preços em plena entressafra. Por fim, ainda com a safra em andamento, a orizicultura foi atingida pelo clima adverso nos primeiros 20 dias de janeiro, com chuvas em excesso e falta de luminosidade. Depois ondas de calor em excesso, o que também traz prejuízos.

O engenheiro agrícola Maurício Fischer, que foi presidente e diretor técnico do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), explica que a falta de luminosidade não só inibe o desenvolvimento das plantas como também pode acarretar doenças como a brusone em variedades mais suscetíveis. O excesso de calor, com algumas regiões alcançando sensação térmica superior a 50 graus centígrados, pode gerar esterilidade em plantas na floração e até um percentual maior de grãos quebrados.

Em parceria com o Irga, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) projeta uma queda que pode passar de 1 milhão de toneladas com relação à temporada passada, quando o estado colheu 8,4 milhões. A projeção, após os danos, é de que a colheita fique entre 7,2 e 7,3 milhões de toneladas de arroz limpo e seco. “Em alguns municípios, a quebra na produtividade deve chegar a 20%”, reconhece o vice-presidente da Federarroz, Alexandre Velho.

Oficialmente, em janeiro, a expectativa era de que o Rio Grande do Sul produzisse 7,88 milhões de toneladas, registrando queda de 6,9% sobre o ano passado. A produtividade média prevista na época era de 7.777 quilos por hectare, 1% menor, e área plantada 6% menor, em 1,013 milhão de hectares. A estimativa da Federarroz é de que a área a ser colhida deve ficar entre 985 e 995 mil hectares e a produtividade média não deve passar de 7,5 mil quilos.

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