À sombra do gigante

 À sombra do gigante

Santa Catarina vive entre
o ônus e o bônus de ter
o RS como vizinho
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 Com a área produtiva limitada, uma grande e moderna estrutura industrial e demanda maior do que a oferta de grão, Santa Catarina vive entre o ônus e o bônus de ter o Rio Grande do Sul, maior estado arrozeiro do Brasil, com produção sete vezes maior, como vizinho. O ônus está no impacto direto das produções gaúchas e suas referências de preços e mercado e até na concorrência. O bônus está, entre outras coisas, na abundância de matéria-prima para cobrir perto de 25% da sua demanda anual, cuja produção local é deficitária. Ao longo de 2019/20, por exemplo, os catarinenses exportaram pouco, na comparação com o vizinho, e tiveram sempre os preços abaixo dos principais concorrentes por mercado.

A economista Gláucia Padrão, do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Cepa/Epagri), explica que a produção de 1,104 milhão de toneladas da safra 2018/19 abasteceu a indústria catarinense em cerca de 76% de sua capacidade. “O restante veio do Rio Grande do Sul, Paraná e países do Mercosul”, afirma. Ela também destaca que as exportações catarinenses em 2019 totalizaram US$ 2,8 milhões, ou 5,9 mil toneladas (base casca), que corresponderam a apenas 11,5% do total exportado em 2018. Mesmo com preços médios menores que os gaúchos, a indústria catarinense pouco conseguiu realizar vendas externas.

Ainda assim, diversificou os destinos. O número de parceiros comerciais aumentou significativamente em 2019, de 24 para 38. “Os principais destinos foram Trinidad e Tobago, Namíbia e África do Sul”, observa a economista Gláucia Padrão. Do lado das importações, houve um aumento de 23% em relação ao ano anterior, com ampliação das compras em países como o Paquistão, Espanha e Tailândia, caracterizados por grãos especiais, como os aromáticos. Contudo, as principais origens permaneceram sendo Uruguai, Itália e Paraguai.

PREÇOS

O preço do arroz em casca ao produtor catarinense seguiu ritmo de crescimento nos últimos meses. Embora este comportamento seja normal para o período do ano – finalização da comercialização da safra 2018/19 e não ter iniciado a colheita da safra 2019/20 –, a expectativa de que a estiagem prejudique a safra corrente tem mantido o mercado aquecido. Em dezembro de 2019, os preços médios reais ao produtor em Santa Catarina fecharam em R$ 43,88 e no Rio Grande do Sul em R$ 47,89, o que representa uma variação positiva de aproximadamente 1% em relação a novembro. Na primeira quinzena de janeiro, os preços levantados mostraram sinais de que permanecerão com esta tendência, com variação de 2% em Santa Catarina e 0,9% no Rio Grande do Sul, quando comparados ao mês de dezembro.

Destaca-se que a safra 2018/19 resultou em produção menor do que a observada na safra 2017/18, em razão de problemas climáticos enfrentados pelos dois estados, o que elevou o patamar de preços desde o início da safra, comparativamente ao ano anterior. Além disso, atraso no plantio por excesso de chuvas, depois a estiagem, afetaram a expectativa de produção no Rio Grande do Sul e ajudaram a estabelecer estes novos referenciais.

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