Custos Operacionais Totais cresceram mais de 150% em dez anos no RS

Dados fazem parte do programa Campo Futuro no Estado.

Na última década, os custos operacionais totais das principais culturas do Rio Grande do Sul registraram aumento superior a 150%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (03) pelo Sistema Farsul. O levantamento faz parte do programa Campo Futuro, uma iniciativa da CNA, Esalq/Cepea e Sistema Farsul, que completa dez anos em 2020. O trabalho acompanha a evolução dos custos de produção em regiões que são referência na produção agrícola.

É o caso de Uruguaiana, uma das praças analisadas para o arroz irrigado. Nos últimos dez anos, os custos subiram 159%. Em Carazinho, a alta para o milho foi de 157%, soja 178% e trigo 73%, única cultura que não ultrapassou os 100% de alta no período. Para o economista do Sistema Farsul, Ruy Silveira Neto, responsável pelo estudo no estado, o movimento de alta irá se manter. "Estamos trabalhando com taxas médias de 10% ao ano e acreditamos que irá se manter", avalia.

Na última safra, a lavoura arrozeira teve um incremento de 28% na produtividade e 38% no preço (baseado nos valores praticados durante a realização do levantamento). O melhor resultado da história do programa para a cultura. Já o Custo Operacional Total (COT) aumentou 11%, tendo a irrigação (25%) e o beneficiamento (68%), como principais influências.

Como houve um crescimento de 78% na receita, foi possível cobrir o COT depois de dois anos consecutivos de margens brutas negativas. Considerando o Custo Total, que incluem os juros de investimentos, houve resultado positivo após cinco anos seguidos de prejuízo.

O milho apresentou queda de 32% na produtividade na safra 2019/2020. Especialmente em decorrência da seca que atingiu o Rio Grande do Sul no último verão. Sendo o terceiro pior resultado na série histórica do programa Campo Futuro. Em contrapartida, os preços cresceram 25% no período.

O expressivo aumento de 256% no custo com seguros em razão da estiagem e de 16% com fertilizantes fizeram o COT do grão aumentar 3%. Como o aumento do preço foi inferior a queda da produtividade e os custos aumentaram, a margem bruta foi muito baixa.

A seca também afetou a produtividade da soja, sendo a terceira pior registrada pelo levantamento em dez anos, caindo 23%. Já os preços compensaram a queda de rendimento, com um crescimento de 23%.

No caso da oleaginosa, houve queda no COT de 11% nas lavouras que utilizam tecnologia RR e 8% nas com Intacta devido a queda de 50% e 30%, respectivamente, nos custos das sementes. Como a receita registrou – 5%, para ambas, a margem bruta foi maior que na safra passada. Entretanto, este é o seguindo ano consecutivo que o produtor não consegue cobrir o Custo Total da lavoura.

Única cultura de inverno analisada pelo Campo Futuro no Rio Grande do Sul, o trigo teve alta de 14% na produtividade e 7% no preço. Esta é sua melhor cotação em dez anos de levantamento na região de Carazinho. Fungicidas (-35%) e operações mecânicas (-18%) puxaram a queda de 5% do COT. Mesmo assim, a margem bruta se manteve negativa na safra 19/20.

No caso da soja e milho irrigados, as produtividades caíram 22% e 18%, e os preços cresceram 34% e 40% respectivamente. A redução nos custos de fungicidas e herbicidas impactaram no COT de ambos (soja -7% e milho -9%). Isso ocorreu pela influência do clima seco no combate às pragas das lavouras irrigadas. Com a valorização dos preços acima da queda da produtividade, as culturas tiveram recordes históricos nas suas margens brutas.

Neto explica que com a consolidação do Brasil como o grande fornecedor de commodities no cenário mundial e a alta taxa cambial, o preço no mercado interno se elevou. Isso garantiu, até certo nível, um ganho de margem bruta nas culturas afetadas pela estiagem deste ano. Porém, o câmbio se mantendo elevado e uma inflação de 4,14% no acumulado de 12 meses, conforme o IICP de julho, divulgado pela Farsul, a tendência é que os custos de produção sejam os maiores da história no Rio Grande do Sul na safra 2020/2021.

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