Protagonismo setorial em jogo
Responsável pela maior produção (71%), beneficiamento (60%) e exportação de arroz (96%) do Brasil, o Rio Grande do Sul está perdendo a competitividade no escoamento em relação a outras unidades da federação e também para o cereal importado. A constatação parte de um estudo do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz-RS) que aponta a guerra fiscal – com isenções artificiais e compensações estabelecidas em alguns estados para o grão – e pela facilitação da logística por outras unidades da federação. “O que estamos notando não é apenas uma queda de consumo, mas a perda da condição competitiva, e este é um fator preocupante”, informou o diretor-executivo do Sindarroz-RS, Tiago Sarmento Barata, que se reuniu com dirigentes e técnicos fazendários do Estado do RS em busca de soluções.
Na reta final do ano a conjuntura do mercado gaúcho de arroz vem se caracterizando pela importante redução de liquidez. Tal comportamento fica evidente na análise evolutiva de arrecadação da taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO), que em outubro foi equivalente a 633,8 mil toneladas (base casca), representando a redução de 8,3% sobre o movimento do mês anterior e 2,6% a menos se comparado com outubro de 2019.
Considerando-se que o Rio Grande do Sul exportou 148,8 mil toneladas em outubro, último, presume-se que o ambiente doméstico demandou apenas 484,9 mil toneladas, 22% a menos do que o volume do mês anterior. “Trata-se do pior desempenho desde dezembro de 2019 no âmbito do país”, avalia Barata.
No acumulado do ano comercial (março a fevereiro) o volume de arroz escoado é bastante elevado. Desde março, foram escoadas 6.045 mil toneladas, 1.079 mil toneladas a mais do que o negociado no mesmo período no ano passado, estabelecendo uma média mensal de 755,7 mil toneladas. Parte se deve à antecipação de compras – e aumento do consumo – durante a pandemia.
De acordo com Tiago Sarmento Barata, considerando que nesta temporada foram produzidas 7.840 mil toneladas e importadas 146,4 mil toneladas, estima-se que há de novembro a fevereiro, disponibilidade de 1.940,8 mil toneladas de arroz no Estado. Este volume permite o abastecimento de apenas 485 mil toneladas por mês nestes quatro meses.
“Além desse volume, devemos ainda considerar a posição do estoque inicial, que é uma incógnita”, acrescentou. Para ele, entre outras soluções, a cadeia produtiva gaúcha precisa encontrar meios de reduzir os custos de transporte, mas principalmente, buscar soluções práticas para a guerra fiscal. “A reforma tributária precisa colocar o dedo na ferida do ICMS e na criação de situações de isenção e formação artificial de preços”, observa.