Governo derruba imposto de importação de milho e soja até o fim de 2021
Medida tem como principal objetivo oferecer alternativas à indústria de aves e suínos
O Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu zerar a Tarifa Externa Comum (TEC) para a importação de milho e soja e derivados de países de fora do Mercosul até o fim deste ano. O objetivo é garantir o abastecimento interno e a competitividade do setor de carnes brasileiro, que encara forte aumento de custos por causa dos elevados preços desses grãos, insumos básicos para a alimentação de aves e suínos.
“Estamos analisando diversas maneiras de contribuir para a competitividade do setor de carnes do Brasil em um cenário de pressão de preços, tanto para assegurar um bom desempenho da cadeia quanto o abastecimento doméstico a custos acessíveis”, afirmou ao Valor o secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Flávio Bettarello.
De acordo com a decisão, voltam a cair as tarifas de 8% sobre as importações de soja em grão e de milho, de 10% sobre óleo de soja e de 6% sobre farinha e pellets.
A isenção entra em vigor sete dias depois da publicação da resolução do Gecex. Ela valerá para a importação de milho em grão e da soja mesmo que triturada, além do óleo, farinha e pellets da oleaginosa. Não foram estabelecidas cotas para as compras. A decisão foi tomada em reunião extraordinária do colegiado realizada hoje.
Em outubro do ano passado, a Camex já havia zerado a TEC para a importação de soja e milho. Os prazos se esgotaram em 15 de janeiro para a soja e derivados e em 31 de março para o milho. A expectativa era de que haveria estabilização dos preços externos e que a colheita da safra de verão ajudaria a reequilibrar o mercado, principalmente para o setor da proteína animal, o que não se concretizou.
Mesmo com colheitas recordes de soja e milho nesta temporada 2020/21 , os preços internos seguiram em alta em virtude da forte demanda externa e da manutenção da desvalorização do real frente ao dólar.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa grandes empresas como BRF e Seara (JBS), comemorou a decisão. A entidade havia pedido a prorrogação da isenção ao Ministério da Agricultura no início do mês.
“A gente acha que é uma alternativa importante para acabar com a pressão inflacionária e especulativa que estava acontecendo (no mercado)”, comentou Ricardo Santin, presidente da ABPA.
O dirigente vê com bons olhos a expansão do leque de compras da indústria.
Segundo ele, as empresas já estão aguardando a chegada de dois navios com cargas de milho da Argentina para os próximos dias e não descartam mais importações – agora comprar em outros grandes produtores mundiais.
Na sexta-feira, o indicador Esalq/BM&FBovespa para a saca de 60 quilos de milho alcançou R$ 97,88, um novo recorde. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), há vendedores que já pedem valores acima de R$ 100 pela saca.
Já o indicador Cepea/Esalq para a saca de 60 quilos de soja negociada no Paraná chegou a quase R$ 178, também um recorde.
1 Comentário
O governo Federal embora esteja na minha opinião exercendo uma boa gestão no combate a corrupção, infraestrutura, e na condução da administração da nação como um todo, está começando a pecar com o agronegócio com atitudes como essa. Começou com o arroz, e agora estende a soja e o milho esta liberação de alíquotas de importação. Historicamente sabe-se que não é por aí o caminho, quem produz a céu aberto precisa de respaldo de seus governantes para colocar o fruto de seu trabalho na mesa da população. A segurança alimentar de uma nação não pode ficar a mercê de canetaços, incentivados por quem está atrás de uma mesa de gabinete refrigerado e completamente dissociado da realidade agrícola. A cúpula do governo tem que entender que o produtor no sentido mais amplo em termos de cultura seja ela qual for, precisa ser consultado antes ser exposto sem nenhum amparo a um mercado extremamente volátil, sujeito a dumping e influenciado por muitos interesses especulativos. Governo que descuida do produtor rural, prejudica a todos os consumidores, através da falta ou da elevação exacerbada dos alimentos.