Boletim integrado meteorológico – SEAPDR

 Boletim integrado meteorológico – SEAPDR

Colheita avança no Sul e se soma aos fatores que trazem impacto aos preços. (Foto: Leomar Alves)

CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS OCORRIDAS RIO GRANDE DO SUL
14 A 20 DE ABRIL DE 2022

A última semana teve tempo seco e temperaturas amenas no RS. Na quinta (14), a presença de uma massa de ar seco e frio manteve o tempo firme e as temperaturas amenas na maioria das regiões, porém a circulação de umidade do mar para o continente ainda provocou chuvas isoladas nos setores Leste e Nordeste.

Entre a sexta-feira (15) e o domingo (17), o tempo permaneceu seco e temperaturas baixas, com formação de geadas isoladas, principalmente na Serra do Nordeste e nos Campos de Cima da Serra. Entre a segunda (18) e quarta-feira (20), o tempo seco seguiu predominando, com gradativa elevação da temperatura em todo Estado.

Não foi registrada chuva significativa na maior parte do RS. Nas faixas Leste e Nordeste ocorreram volumes que oscilaram entre 5 e 10 mm em alguns municípios e que superaram 30 mm em áreas isoladas da Serra do Nordeste. Os totais mais relevantes coletados na rede de estações
SIMAGRO/INMET ocorreram em Tramandaí (4 mm), São José dos Ausentes (6 mm) e Cambará do Sul (34 mm).

A temperatura mínima foi observada em Getúlio Vargas (3,6°C) no dia 16/4 e a máxima ocorreu no dia 19/4 em Porto Vera Cruz (28,2°C).

Observação: Totais de chuva registrados até às 10 horas do dia 20/4/2022. Fonte: SEAPDR.

DESTAQUES DA SEMANA

Houve predomínio de tempo chuvoso e úmido no início do período e retomada da colheita da soja, especialmente a partir do dia 13/04, no Noroeste, e do dia 14/04, no Centro e Norte do Estado, quando a redução na umidade dos solos e nos grãos permitiram a operação. O índice elevou-se significativamente de 38% para 55% da área cultivada. Houve intensa atividade nas lavouras, embora a menor estatura de plantas e vagens inseridas muito próximas ao solo demandou a realização do corte com mais cuidados e com máquinas em velocidade de trabalho mais lenta do que a normal, majorando o tempo da operação.

À medida que a colheita avançou, a produtividade reagiu positivamente, assim como a qualidade do produto colhido, diminuindo consideravelmente a proporção de grãos verdes ou malformados. Contudo, a expectativa atual ainda é mantida pouco abaixo de 1.500 kg/ha, na média estadual, com perdas acumuladas próximas a 55% em relação à projeção inicial.

Na regional da Emater/RS Ascar de Ijuí, a colheita foi intensa em todos os municípios a partir da tarde de 14/04, elevando a proporção de 28% para 43% das lavouras colhidas em uma semana. O produto foi colhido mesmo com umidade acima do ideal devido à alta umidade do ambiente na semana anterior e ao aumento do número de lavouras maduras prontas para colheita, que estão em encerramento de ciclo.

Na Campanha, a colheita avançou de forma mais rápida com a não ocorrência de chuvas. Em áreas de várzeas, a produtividade alcançou 3.600 kg/ha, e o potencial produtivo foi semelhante em várias lavouras, estabelecidas em terras baixas, com cultivares de ciclo mais longo e nas implantadas no final da recomendação ZARC.

Houve constatação da presença de ferrugem asiática nas lavouras implantadas no final de dezembro, em Hulha Negra. Produtores de Dom Pedrito relataram demora de até 40 dias para a realização de perícias de lavouras de soja com seguros privados, ocorrendo ampliação das perdas devido à debulha dos grãos com umidade muito baixa. Laudos de empresas de assistência técnica e da Emater/RS-Ascar foram solicitados para registrar a situação e justificar a colheita antes da visita dos peritos, sendo que foram deixadas faixas de plantas sem colher para a realização da amostragem oficial das seguradoras.

Mesmo com o aumento das lavouras de milho em fase de maturação e com o tempo seco, que beneficia a perda de umidade dos grãos, novamente percebeu-se o avanço bastante lento nos trabalhos de colheita. O principal fator para essa lentidão está relacionado à colheita em curso nas lavouras de soja, que direcionam praticamente todo o maquinário e a mão de obra. Essa oleaginosa apresenta risco muito elevado de perdas por debulha e por causa das chuvas excessivas ou do granizo se comparada ao milho.

A colheita alcançou 82% da área cultivada. A produtividade obtida permanece 3.500 kg/ha, sendo aproximadamente 55% inferior à esperada por ocasião do plantio.

Devido às condições climáticas favoráveis nas principais regiões produtoras, a colheita do arroz evoluiu de 72% para 84% no período. Além de favorecer o avanço da operação, o clima seco, durante a semana, repercutiu em redução nos gastos com combustível das colheitadeiras e tratores utilizados na retirada dos grãos das lavouras. A produtividade média estimada permanece em 7.650 kg/ha, significando um decréscimo de 8% na projetada inicialmente.

Os grãos obtidos, principalmente nas regiões Oeste e Centro do Estado, onde as lavouras sofreram maior restrição hídrica e estresse térmico, apresentam baixa qualidade, e há índice elevado de grãos quebrados ou gessados. Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, a colheita em Uruguaiana, município de maior produção regional, alcançou 98% da área cultivada.

Em Itaqui, segundo maior produtor, 90% das lavouras foram colhidas, e em São Borja, 85%. A produtividade é variada, mas, de maneira geral, foram colhidas, no período, lavouras que passaram por maiores limitações na irrigação e que sofreram com as altas temperaturas no início da fase reprodutiva, fatores que condicionam a produtividade mais baixa que as colhidas anteriormente.

Nas olerícolas, está em colheita a mandioca, com rendimento variado no Estado, conforme a distribuição das chuvas. O milho verde colhido nesse momento apresenta melhor qualidade do que o de áreas que sofreram com a estiagem. A moranga Cabotiá está com colheita avançada; primeiras áreas tiveram perdas significativas, áreas em colheita estão com boa produção, o que ameniza a perda da safra.

Nas frutíferas, estão em colheita espécies precoces de citros, caqui e maçã em etapa final, assim como o de olivas, com boa produção de azeite. Morango em colheita plantas de segundo ano.

A colheita de fumo/tabaco está concluída. Iniciou em 15 de abril a safra de pinhão, com variada estimativa de produção. Pinhas e frutos são menores.

PREVISÃO METEOROLÓGICA (21 A 24 DE ABRIL DE 2022)

Nos próximos sete dias poderão ser registrados altos volumes de chuva no RS. Na quinta (21), a aproximação de uma área de baixa pressão favorecerá o aumento da nebulosidade e pancadas isoladas de chuva. No decorrer da sexta-feira (22), o deslocamento de uma frente fria vai provocar chuva em todo Estado, com possibilidade de temporais isolados. No sábado (23), o tempo ficará seco e o ingresso de ar frio provocará ligeiro declínio da temperatura. No domingo (24), o deslocamento de uma área de baixa pressão voltará a provocar pancadas isoladas de chuva em todas as regiões.

TENDÊNCIA (25 A 27 DE ABRIL DE 2022)

Entre a segunda (25) e terça-feira (26), a propagação de uma área de baixa pressão e de nova frente fria provocarão chuva em todo território gaúcho, com chance de tempestades e altos volumes acumulados.

Os totais esperados de chuva deverão oscilar entre 60 e 80 mm em todo Estado. Na Fronteira Oeste, Campanha e na Região Central os valores previstos deverão superar 100 mm na maioria dos municípios e poderão alcançar 125 mm em algumas localidades.

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