Agronegócio: Boas notícias para 2017
Autoria: José Zeferino Pedrozo – Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina.
Crise econômica, crise política e crise humanitária marcaram indelevelmente o ano de 2016 e geraram notícias negativas e perturbadoras. Um dos poucos setores que originou manchetes alvissareiras foi o agronegócio. MaIs uma vez foi o setor que demonstrou grande capacidade de geração de riquezas, manutenção de empregos e distribuição de resultados. De modo geral, a produção esteve em alta (ou em leve recuo em alguns segmentos) e as exportações evoluíram.
O consumo interno não cresceu em face do endividamento geral das famílias, mas o alimento esteve disponível, farto e acessível em todas as áreas. O produtor rural catarinense, de outro lado, experimentou um período de recuperação de preços depois de dois anos seguidos perdendo para a inflação. Isso se refletiu na elevação do valor bruto da produção agropecuária e no aumento da renda para parte expressiva dos produtores.
De acordo com o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa), o valor bruto dos principais produtos da agropecuária de Santa Catarina foi estimado em 28,8 bilhões de reais em 2016: aumento nominal de 16,2% e real de 3,5% em relação a 2015. Embora tenham sido considerados 49 produtos, destaca-se que apenas cinco (carne de frango, carne suína, leite, soja e fumo) contribuem com dois terços de todo o valor, mostrando que o agronegócio catarinense está concentrado em poucas cadeias produtivas.
Dos 20 produtos mais importantes na composição do VBP da agropecuária de Santa Catarina, 12 tiveram aumento de preços ao produtor bem superior à inflação medida no transcorrer da safra. Os mais significativos aumentos foram observados no alho, no milho, no feijão, no leite, na banana, no frango, no arroz e na soja, todos produtos de grande importância para o agronegócio catarinense.
A frustração das safras nas principais regiões produtores do País foi o principal fator a contribuir para a forte elevação dos preços dos produtos agrícolas em 2016, provocando redução da oferta no mercado de milho, arroz, feijão, banana e maçã. Além disso, a forte desvalorização cambial mantida durante a maior parte do primeiro semestre incentivou as exportações e o aumento dos preços domésticos de soja, milho e arroz.
Apesar dessas condicionantes, 2016 chega ao fim com perspectivas melhores que as manifestadas pelo setor ao final do primeiro semestre. Exemplo disto é o preço do milho, que encerra o ano com valores abaixo de R$ 40 pela saca de 60 quilos – significativamente menor que os valores praticados meses atrás, que superaram R$ 60. A oferta no Paraguai e na Argentina, além da recentemente autorizada importação dos Estados Unidos, deverão reduzir a pressão sobre a cotação do insumo em, 2017, quando alguns fatores devem favorecer os negócios dos setores, tanto internamente, quanto no mercado internacional. As entidades do agronegócio acreditam que a possível recuperação econômica poderá influenciar os níveis de consumo das proteínas, melhorando a oferta interna e restabelecendo patamares per capita semelhantes aos de 2015.
No mercado mundial, o “efeito Trump” deve se manifestar com regras protecionistas ao agronegócio americano e agressividade para a expansão de mercados. Se Trump adotar essa linha protecionista e, eventualmente, não reconhecer os tratados dos quais os EUA é signatários, com o Nafta, Otan e Parceria Transpacífico, pode acabar criando uma grande oportunidade para o Brasil. Aproximar-nos cada vez mais da China, Ásia, Oriente Médio, México, países africanos, paises latino-americanos, assim como a Europa, será a nossa saída