USO DE FUNGICIDAS NO MANEJO DO COMPLEXO DE MANCHAS EM ARROZ IRRIGADO
A brusone (magnaporthe oryzae) é a principal doença do arroz, cujos danos à produtividade podem chegar a 100%. Assim, o uso da resistência genética é considerado o método mais econômico para minimizar as perdas causadas por essa doença. No entanto, mesmo em cultivares resistentes, pode haver perdas por doenças do complexo de manchas, destacando-se as manchas foliares e as manchas de grãos. Entre as manchas foliares destacam-se a mancha parda (bipolaris oryzae), a escaldadura (microdochium oryzae), a mancha estreita (cercospora oryzae) e mancha circular (alternaria padwickii).
As manchas de grãos estão entre as principais doenças do arroz, podendo afetar qualidade de sementes e de grãos no beneficiamento. As manchas de grãos estão associadas a mais de um patógeno fúngico, incluindo bipolaris oryzae, phoma sorghina, alternaria alternata, alternaria padwickii, microdochium oryzae, sarocladium oryzae, além de diferentes espécies de curvularia spp., nigrospora spp. e fusarium spp., e, também, algumas bactérias (pseudomonas fuscovaginae, etc.).
A aplicação de fungicidas é um método complementar e de proteção do potencial produtivo, cuja resposta está ligada ao histórico de doenças, a cultivar utilizada e à época de semeadura. De modo geral, aliado às melhores práticas culturais, é recomendável a realização de aplicações preventivas de fungicidas nos estádios mais críticos da planta. Precisamente, o manejo com fungicidas deve obedecer a dois momentos principais de aplicação: fim do emborrachamento (R2) e florescimento (R4). O fim do emborrachamento, antes da emissão das panículas, é o principal momento de aplicação de fungicidas na cultura do arroz.
A segunda aplicação deve ser realizada cerca de duas semanas após a primeira, já com maior parte das plantas de arroz no estádio R4. Embora a brusone seja a doença que causa as maiores perdas de produtividade, o complexo de manchas, principalmente quando ocorrem em folhas e grãos, pode ocasionar perdas tanto de produtividade quanto de qualidade de grãos.
Em experimento conduzido na última safra (2021/22), na Estação Experimental do Arroz do Irga, em Cachoeirinha (RS), o uso de fungicidas para o controle de manchas em arroz atingiu até 22% de vantagem em produtividade de grãos na comparação ao não uso, com média de 18% entre diferentes fungicidas testados.
Entre os produtos avaliados, com resultados satisfatórios de controle das doenças e reflexo positivo na resposta de produtividade de grãos, alguns que se destacaram foram as formulações de Tebuconazol + Metominostrobina, Ciproconazol + Picoxistrobina, Tebuconazol + Trifloxistrobina, Difenoconazol + Azoxistrobina, Flutriafol + Azoxistrobina, Epoxiconazol + Cresoxim-metílico e Tebuconazol + Azoxistrobina + Mancozebe.
Além da produtividade, a qualidade de grãos pode ser melhorada com o uso assertivo de fungicidas, principalmente em condições de maior favorabilidade as doenças.
Carlos Henrique Paim Mariot
Consultor Técnico, IRGA,
e-mail: cpmariot@gmail.com