Se Mercosul quiser especular, vamos buscar arroz em outro lugar, diz ministro da Agricultura
(Por G1) O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta segunda-feira que o Brasil “deu uma demonstração ao Mercosul de que, se ele for querer especular, nós buscamos arroz de outro lugar”. A declaração aconteceu pouco depois de o governo federal zerar o imposto de importação do arroz para países de fora do Mercosul.
A intenção do Ministério era comprar centenas de toneladas do cereal dos vizinhos países que pertencem ao bloco, para aumentar a oferta no mercado interno e evitar altas de preços ao consumidor após a tragédia das inundações que afetou as lavouras orizícolas no Rio Grande do Sul, maior estado produtor do grão.
Mas o leilão de compra, marcado para esta terça-feira (21), foi suspenso depois de, segundo o ministro, o Mercosul elevar em até 30% o preço do cereal.
“Nós íamos comprar 104 mil toneladas, mas, pelos preços que eles [o Mercosul] estavam anunciando, nós íamos comprar só 70 mil”, disse Fávaro. “Certamente, eles vão voltar para a realidade porque não é justo”, acrescentou o ministro.
Fávaro contou que, após saber da especulação de preços no Mercosul, fez uma reunião de emergência, na quinta-feira (16), com o presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, e com o ministro da Casa Civil, Rui Costa. “A decisão foi do presidente”, disse Fávaro, ao se referir à suspensão do leilão e à isenção do imposto de importação do arroz.
O leilão de compra do grão seria feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e, até o momento, não há uma nova data para acontecer. Os parceiros do Brasil no Mercosul (Paraguai, Uruguai e Argentina) são os principais fornecedores externos de arroz para o mercado nacional. E, como o bloco é uma zona de livre comércio, eles não pagam imposto para vender ao Brasil.
Agora, com as taxas zeradas para o restante do mundo, outros países podem competir em maior igualdade com o Mercosul. Existem outras opções no mercado. Há quase duas semanas, por exemplo, a indústria anunciou a intenção de importar 75 mil toneladas de arroz da Tailândia.
Três tipos de arroz tiveram as taxas de importação zeradas. A isenção tem validade até 31 de dezembro de 2024.
A situação no RS
Os produtores nacionais vêm se opondo às medidas de importação do grão. Na semana passada, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fedearroz) chegou a solicitar ao governo que cancelasse o leilão da Conab. ‘Arroz que está colhido garante abastecimento’, diz federação de agricultura do RS.
Fávaro reforçou que a medida não tem o objetivo de prejudicar os produtores, mas, sim de garantir estabilidade de preços no país. “Nós estamos com um problema de logística. [O arroz] não consegue sair de lá do Sul, não consegue emitir nota [fiscal] por causa das inundações que afetaram o sistema da Fazenda gaúcha”, disse o ministro. Segundo ele, mesmo que haja rotas alternativas, o custo logístico também se tornou um problema. “Vai você contratar um frete agora? Vai lá buscar o arroz no Rio Grande do Sul sabendo que vai ter dificuldade? Filas, o frete 20%, 30% mais alto?”, questionou.
“Então nós precisamos tomar medidas de apoio para abastecer o mercado e garantir estabilidade. Não é em detrimento dos produtores”, reafirmou o ministro. Segundo ele, nova Medida Provisória está sendo montada pelo governo federal para dar suporte aos produtores de arroz gaúchos diante de suas perdas. Serão medidas de prorrogação de dívidas, linhas de crédito especiais e incentivos.
1 Comentário
O que esperar de governos populistas??? Não estão nem ai se ano que vem vai faltar arroz! Se o produtor vai conseguir plantar de novo! Querem a todo custo intervir no mercado para que os preços despenquem ao consumidor. Depois não adianta oferecerem bilhões de custeios. Sem lucro duvido que alguém plante! É uma vergonha ter que se discutir em pleno 2024 intervenções governamentais no mercado… Das outras vezes eles quebraram o Setor orizícola. Dessa vez a solução é simples: – Voltaremos para as 800.000 hectares que a situação vai se acalmar em seguidinha! Só existe uma verdade quando um governo chama o agro de facista. É porque ele quer prejudicar o produtor a qualquer custo!