Em cenário otimista, Conab eleva consumo e estoques em 2024
(Por Planeta Arroz) A rentabilidade obtida na comercialização da safra 2022/23, ao longo de 2023 e que se manteve em 2024 para quem conseguiu colher, gerou uma expansão de 5,6% da área na temporada 2023/24 no Brasil, ainda que os 15% finais da colheita gaúcha tenham sido afetados pelo clima adverso. Apesar disso, e do histórico de retração no consumo, a Conab é otimista em suas estimativas e espera uma demanda interna 670 mil toneladas superiores em 2024, passando de 10,33 para 11 milhões de toneladas em base casca.
Claro que parte do setor discorda da projeção, entendendo que não há razão econômica ou social para este salto de consumo e aponta o uso de argumentos inversos pela companhia governamental. A Conab, no entanto, entende que esta revisão foi realizada com base num “provável cenário de políticas públicas de incentivo à ampliação de consumo de arroz ao longo de 2024”, além da significativa expansão do auxílio médio e do número de beneficiários do Programa Bolsa Família.
Essa significativa expansão, não vem sendo constatada, segundo o setor arrozeiro. Se observarmos os números de beneficiamento, via CDO, do Irga, a média nos sete primeiros meses de 2024 reduziu no Rio Grande do Sul, de onde saem quase 70% do arroz que abastece o país. A CDO registra média mensal de 594 mil toneladas beneficiadas de janeiro a julho de 2024, contra 650 mil toneladas no mesmo período de 2023.
BALANÇA COMERCIAL
Na balança comercial, também há debate quanto aos números da Conab. A instituição relembra os 2,11 milhões de toneladas do recorde de exportações da temporada 2021/22, graças à competitividade do grão brasileiro e da quebra da safra norte-americana associados à inflação global e o momento de pandemia.
“Na safra 2022/23, em meio a um cenário de menor disponibilidade do grão e maiores preços internos, nota-se a retração do volume comercializado com o mercado externo para 1,7 milhão de toneladas, valor este próximo da média comercializada ao longo dos últimos anos, exceto o atípico 2020/21”, diz relatório de agosto.
Para a safra 2023/24, a Conab avalia que com preços internos operando acima das paridades de exportação e com a retomada produtiva dos EUA, a projeção é de redução dos volumes exportados para 1,3 milhão de t pelo Brasil, mas o câmbio no segundo semestre de 2024 será determinante na confirmação da previsão apresentada. Será o primeiro ano em seis que o país terá déficit na balança comercial do arroz.
O país importou 1,6 milhão de toneladas em 2023 e, para 2024, projeta-se uma expansão do volume importado para 1,7 milhão em razão ainda da necessidade de recomposição da oferta nacional.
Com isso, em meio aos números apresentados, a projeção é que os estoques de passagem fiquem próximos da estabilidade ao final da atual safra, com um volume estimado de 397 mil de toneladas ao final de fevereiro, visto que na safra 2022/23 a estimativa é de um estoque final de 407,9 mil toneladas.