A incógnita do Mercosul

 A incógnita do Mercosul

Sócios: Paraguai colhe de olho no mercado brasileiro

Argentina e Uruguai reduzirão área plantada, mas o Paraguai aumentará
para vender ao Brasil
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A área semeada com arroz na Argentina, no Paraguai e no Uruguai na safra 2014/15 é uma incógnita. Os sócios do Brasil no Mercado Comum do Sul (Mercosul) vivenciam realidades diferentes no atual cenário da orizicultura regional. Enquanto o Paraguai, graças ao baixo desembolso e proximidade a alguns grandes centros, tornou-se o principal fornecedor de arroz para o Sudeste e Centro-Oeste do Brasil nos últimos anos, argentinos e uruguaios enfrentam aumento considerável dos custos de produção e queda na rentabilidade e na competitividade internacional e buscam atividades que compensem o investimento.

Na Argentina, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca (Minagri) informa que a lavoura arrozeira chegará a 240 mil hectares, reduzindo 3 mil hectares (ou 1,2%) se comparada à safra 2013/14. O clima favorável garantiu a semeadura no período recomendado. A queda pode ser explicada pelas dificuldades de comercialização do exercício, menor rentabilidade do arroz, alta dos custos, especialmente combustíveis e energia elétrica, e aproveitamento de áreas mais altas para o cultivo da soja e para a pecuária.

No Uruguai, a situação é idêntica ao Rio Grande do Sul: chuvas e alagamentos atrasaram o preparo do solo e o plantio e geraram perdas de insumos. Também houve danos à estrutura da lavoura, exigindo reconstrução de taipas e o replantio em algumas fazendas. Em 15 de novembro, apenas 60% da área estava semeada. A Associação dos Cultivadores de Arroz (ACA) projetou 165 mil hectares plantados nesta temporada, registrando queda de 4% frente aos 172 mil hectares da safra 2013/14.

O clima adverso, o avanço das áreas de soja, a elevação dos custos de produção, a perda de competitividade e espaço no comércio exterior – do qual o Uruguai é dependente – e as estreitas margens com que o agricultor vai operar frente à indústria podem levar a uma retração de 5,8% (ou 10 mil hectares), para 162 mil hectares no ciclo 2014/15, reconhece a ACA.

A TODO O VAPOR

Por outro lado, o plantio desta safra de arroz no Paraguai começou mais cedo graças ao clima favorável, boa temperatura e umidade do solo, e muito sol. A superfície semeada deve crescer 10%, segundo fontes locais. A ausência de dados confiáveis torna impossível dimensionar a representatividade do país. A cadeia produtiva fala em 110 mil hectares semeados na temporada passada, embora analistas brasileiros projetem entre 115 e 130 mil hectares. Segundo os rizicultores, o Paraguai cultivará 121 mil hectares de arroz, mas os analistas brasileiros indicam entre 122,5 mil e 143 mil hectares.

A projeção é de que o país produza entre 800 e 900 mil toneladas do cereal em casca. Os paraguaios consomem menos de 15% do arroz produzido, exportando ao Brasil quase todos os 80% restantes. O governo do país vizinho reconhece que o bom momento pode fazer com que a superfície semeada alcance 150 e 170 mil hectares em duas safras, ultrapassando 1 milhão de toneladas de produção.

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