A nova face do consumidor

 A nova face do consumidor

Amato: mais proteínas

Os brasileiros estão
mais exigentes quanto à qualidade de sua comida.

O crescimento da classe média, a mudança no perfil das famílias e a facilidade de acesso à informação estão moldando os hábitos alimentares do consumidor brasileiro. Com mais dinheiro no bolso e menos tempo para as compras, ele está mais exigente com a qualidade dos produtos e a capacidade das empresas se adequarem às suas preferências.

Na avaliação do engenheiro agrônomo José Nei Telesca Barbosa, o perfil deste novo consumidor foi bem definido na palestra proferida pelo presidente da TCA Internacional, José Luiz Tejon Megido, na 24ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em fevereiro, em Mostardas (RS). “Os novos tempos impõem o desafio de adaptação a um consumidor mais complexo, com preferências distintas, conforme idade, formação cultural e classe social. Tem computador e celular com acesso à internet. Está conectado às redes sociais. Tem na palma da mão uma vasta gama de produtos e serviços. Não quer só preço, mas qualidade, saber a origem do produto que consome, se foi produzido de forma sustentável e socialmente justa, se tem valor agregado. É a este público que devem ser endereçadas as campanhas de marketing focadas no aumento do consumo de arroz”, analisa.

Barbosa cita como exemplo dessa mudança a enorme parcela da população das grandes cidades que trabalha fora e não tem tempo para preparar as refeições em casa. “Estas pessoas geralmente almoçam em bufês por quilo, onde a variedade de opções acaba levando a consumir o cereal em menor quantidade ou simplesmente substituí-lo pelas carnes e saladas. Por outro lado, isto está incentivando as indústrias a investirem em novos produtos à base de arroz”, observa.

O engenheiro químico e pesquisador da Cientec/RS, Gilberto Wageck Amato, explica que, com o aumento da renda per capita, passa a ocorrer o mesmo fenômeno identificado em outros países: a diminuição no consumo de carboidratos. “Estes carboidratos passam a ser substituídos por alimentos ricos em proteínas. Esta alteração tende a ser mais visível no Brasil do que em países do primeiro mundo, pois o preço da carne é relativamente mais barato”, compara.

Mudança não é de hoje
A percepção da cadeia produtiva do arroz em relação à mudança nos hábitos alimentares do consumidor não é recente. Desde 1996, as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam redução no consumo do cereal. O tema ganhou visibilidade a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008/2009, reportagem de capa da edição 37 da revista Planeta Arroz, em fevereiro de 2011.

No levantamento, que avaliava as quantidades de alimentos adquiridas pelas famílias brasileiras para consumo domiciliar, foi constatado que a população comprava menos arroz e feijão. Em contrapartida, carnes, lácteos, frutas e refrigerantes tiveram o consumo ampliado.
O analista Tiago Sarmento Barata chamou a atenção de que a pesquisa avaliava a queda do consumo de arroz no domicílio. Mas isto, segundo ele, significava que os brasileiros estavam comendo menos arroz em casa e que, com melhor renda, as pessoas consumiam alimentos mais caros. Isso, somado a outros fatores, fez com que a combinação arroz e feijão fosse gradativamente perdendo espaço para uma gama enorme de alimentos de preparo mais facilitado e até para os fast foods (fat foods). “A indústria precisa fazer produtos que atendam as necessidades da sociedade moderna, que não quer perder tempo no preparo das refeições”, já alertava o especialista.

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