Alerta ligado para a redução de oferta

Há muito tempo a cadeia produtiva do arroz do Rio Grande do Sul emite alertas de que a área e a produção orizícola estão em queda.

Essa tendência acontece, em especial, por dois motivos: as muitas temporadas em que o preço de venda do grão esteve muito próximo ou até abaixo do custo de produção, descapitalizando os agricultores, e o avanço das tecnologias que permitiram utilizar outros cultivos em terras baixas, com vantagens agronômicas e econômicas, como soja e milho. Isso exigiu, para muitos, o uso de parte do capital de giro.

A falta de água em algumas regiões, feito a fronteira oeste gaúcha, colaborou para este cenário nas duas safras, após três anos de La Niña seguidos, e reduziu a capacidade dos mananciais e o potencial de irrigação das lavouras. Milho e soja exigem menos água em sistema de “banhos”.

Para Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), deve ser destacado que apesar das dificuldades climáticas e econômicas, os agricultores gaúchos garantiram o abastecimento nacional.

Entende, porém, que, a médio prazo, com as circunstâncias de clima desfavorável, cenário econômico e busca da sustentabilidade e necessidade de redução de custos, a tendência de reduzir as áreas persistirá.

“Algum fator climático ou reação muito forte de preços pode alterar isso pontualmente, mas a tendência de redução ainda é muito forte. Até porque houve grande avanço das produtividades. Em condições normais, e diante do comportamento do mercado e do quadro de oferta e demanda e da própria evolução da produtividade, o ideal é que o RS cultive cerca de 800 mil hectares e mantenha estabilidade na oferta. É uma forma de equalizar os preços”, explica.

ESTOQUES
O governo federal vê o cenário com alguma preocupação, fala em recompor parte dos estoques públicos, mas não de maneira oficial. Ainda observa. Técnicos da Conab e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) descartam qualquer iniciativa nestes termos no momento.

Escaldados pelos problemas e custos com estoques públicos de arroz em um passado não tão distante e cientes de que a Conab passa por uma reformulação em seus propósitos, acreditam que oferta e demanda se regularão, mesmo com safra abaixo do volume de consumo, pela ação das importações e dos estoques privados. E, caso não seja o suficiente, ainda há alíquotas de importação a retirar.

Fique de olho
Para o governo, um segundo ano de colheita menor do que 10 milhões de toneladas poderá motivar novas medidas. Ao produtor, manter a oferta estável dependerá de preço e de políticas públicas que ajudem a reduzir os custos, dar competitividade à cadeia produtiva e estabelecer margens seguras para novos investimentos.

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