Alternativas para criar variedades mais produtivas

 Alternativas para criar variedades mais produtivas

Autoria: Élcio Perpétuo Guimarães é engenheiro agrônomo PhD em Melhoramento Genético de Plantas e sênior officer da ONU (Roma, Itália).

Baseado nas informações geradas pela FAO, em seu trabalho de monitoramento do mercado do arroz, a produção mundial deve recuperar-se dos baixos níveis alcançados em 2002. Estima-se que haverá um crescimento de 3%, alcançando o valor de 591 milhões de toneladas (arroz paddy). O mercado internacional deve atingir o valor de 27,9 milhões de toneladas (arroz branco), muito próximo ao recorde obtido em 2002. O melhoramento genético, através da criação de novas variedades, é um dos componentes que contribuem para que a produção mundial cresça e atenda as demandas requeridas pelo crescimento populacional.

O arroz cultivado pelo agricultor brasileiro pertence à espécie Oryza sativa L. Dentro dessa espécie, os bancos de germoplasma (locais utilizados para armazenar em baixa temperatura e umidade as variedades) possuem ao redor de 100.000 materiais de arroz. Além disso, a cultura tem mais de 20 espécies diferentes. Toda essa variabilidade genética está à disposição dos melhoristas brasileiros.

Para a criação de novas variedades, os técnicos que trabalham com melhoramento possuem uma série de métodos que variam de acordo com os objetivos do programa. Tradicionalmente estes utilizam o método genealógico, que significa conduzir e avaliar, a partir de uma amostra variável (população segregante), cada planta separadamente, até que esta seja multiplicada como linhagem (planta que não apresenta mais variação) e provada em ensaios de rendimento.

Atualmente o melhoramento genético do arroz dispõe de outras alternativas ou novas técnicas de melhoramento que permitem aos técnicos trabalharem para aumentar a produtividade das variedades plantadas pelo agricultor. A produção de híbridos (similar ao sistema que existe no milho)é uma alternativa que se está utilizando para aumentar o rendimento. Em geral, os híbridos são capazes de render entre 20% e 30% mais que as variedades. No Rio Grande do Sul, já existe, à disposição do agricultor, um híbrido que é produzido pela empresa americana RiceTec.

O uso de métodos de melhoramento que trabalham com populações segregantes por vários ciclos consecutivos (chamado de melhoramento populacional) também é uma nova alternativa nas mãos dos melhoristas, para que possam criar variedades mais produtivas. A Embrapa, em estreita parceria com unidades estaduais de pesquisa, está utilizando essa metodologia para criar novas variedades. Em 2003, a Embrapa e a Epagri lançaram para Santa Catarina a primeira variedade (SCSBRS 113 Tio Taka) originária da aplicação dessa metodologia.

O uso de ferramentas biotecnológicas, como os marcadores moleculares, também é uma alternativa que está sendo utilizada pelos melhoristas para criar variedades mais produtivas. A introdução de pequenos pedaços de cromossoma (material genético) de espécies silvestres de arroz (portanto, não estamos falando de transgênicos), que são responsáveis pelo aumento do rendimento, orientada pelos marcadores moleculares, está contribuindo para criar novas variedades com maior potencial de rendimento.

Essa última metodologia também está sendo utilizada em outros países para melhorar a qualidade do arroz. Os trabalhos estão sendo orientados no sentido de produzir variedades com melhor qualidade proteica, maior conteúdo de ferro, pró-vitamina A, entre outras.

Concluindo, podemos dizer que os melhoristas que atualmente trabalham com arroz possuem uma gama de alternativas jamais vista para criar variedades mais produtivas e de melhor qualidade. O contínuo apoio dos setores público e privado e a capacidade técnica e criatividade dos melhoristas brasileiros permitirão que rapidamente a produtividade seja aumentada através da disponibilização no mercado de novas variedades.

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