Antídoto na lavoura

 Antídoto na lavoura

Eugenio Sperandio (esq.) e Helson do Vale (dir.) esperam desenvolver soluções viáveis comercialmente até 2019

Pesquisadores buscam controle com fungos
e bactérias que
combatam a brusone
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 Graças ao trabalho desenvolvido pela Universidade de Brasília (UnB) em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão, de Santo Antônio do Goiás (GO), é possível que em 2019 os primeiros mecanismos comerciais biológicos para o controle da brusone (Pyricularia oryzae) possam ser feitos sob a utilização de meios biológicos utilizando, por exemplo, fungos e bactérias. A pesquisa não é só direcionada a essa doença, mas há uma expectativa do setor de que se possa dar suporte à geração de uma nova ferramenta de menor impacto ambiental do que os fungicidas para ajudar no seu controle.

O estudo conta com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além da Embrapa. O objetivo da pesquisa é fazer com que as bactérias presentes no solo ajam de maneira com que a planta adquira resistência contra fungos, em especial o Magnaporthe oryzae, que causa a brusone. “O que queremos fazer pode ser comparado a uma vacina”, explica o professor Helson do Vale, docente do Programa de Pós-graduação em Fitopatologia da UnB, que orienta o doutorando Eugenio Sperandio, que está analisando como tais intervenções se expressam nos genes da planta de arroz. “Isolamos um fungo que não consiga provocar a doença e o colocamos em contato direto com a planta. Assim ela fica imunizada”, conclui.

Outra vertente da pesquisa é aumentar a produtividade das plantas utilizando os agentes bacterianos. De acordo com Helson do Vale, a rizobactéria estudada foi encontrada em solos com plantio de arroz e o estudo realizado busca potencializar seu uso para que estimule o crescimento da planta. O experimento é dividido em várias etapas: a caracterização bioquímica, por exemplo, é feita pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), onde fica o maquinário para a análise das amostras. A identificação da bactéria e o sequenciamento de parte do genoma estão sendo feitos na UnB.

De acordo com a pesquisadora Cristina Filippi, da Embrapa, o estudo é de grande importância porque seus resultados farão com que os produtores tenham drástica redução nos custos da orizicultura. “O arroz precisa ter os grãos padronizados porque isso dá preço do produto. Como consequência, há, atualmente, a necessidade de utilizar tantos subsídios para garantir a produção. Poderemos diminuir o uso de adubo e agrodefensivos, impactando na qualidade, no ganho de produtividade e na conservação do meio ambiente”, finaliza.

“Brusone é uma doença difícil de controlar”, narra Eugenio. “É preciso produzir muitos grãos para se ter rendimento. O uso indiscriminado dos defensivos causa danos ao ecossistema, prejudicando os micro-organismos do solo. Além disso, há estudos que contraindicam o uso de fungicidas em alimentos”, explana. Além disso, o uso de agrotóxicos indiscriminadamente pode criar agentes patógenos resistentes. Os pesquisadores esperam ainda, após o término dos estudos, que a base desta pesquisa contribua para melhorar plantas como o feijão e o milho.

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