Aposta na várzea

Goiás tenta recuperar o interesse pelo cultivo de arroz.

Dois empreendimentos de irrigação em regiões de várzea recuperaram o interesse dos agricultores goianos no cultivo do arroz. Os projetos Luis Alves e Flores de Goiás repetem experiências coordenadas pelo Governo na incorporação ao sistema produtivo de áreas com potencial agrícola. O projeto Luis Alves encontra-se na planície do Médio Rio Araguaia, na divisa de Goiás com o Mato Grosso, a 520 quilômetros de Goiânia (GO).

Previsto para ocupar 30 mil hectares, sendo metade reserva ambiental, a iniciativa está com a primeira de suas três etapas concluída. São dois mil hectares sistematizados, com estruturação de diques, sistema de captação de água por bombas adutoras e canais de irrigação e drenagem.

O agricultor Ozório Coelho é um dos pioneiros em Luis Alves, onde lida com o arroz desde 1998. Ele afirma que se sente tão estimulado com a rizicultura que desde o ano passado expandiu a produção. “Além da safra de verão, passei a fazer em 2002 o plantio de inverno”, diz.

Apesar do entusiasmo, Ozório conta que enfrenta um problema grave: a falta de materiais para semeadura. Segundo o melhorista da Embrapa Arroz e Feijão, Paulo Hideo Rangel, uma das saídas possíveis para o impasse é que o processo de multiplicação de sementes dessas cultivares seja feito por agricultores selecionados dentro do próprio projeto de irrigação para o atendimento aos demais.

Rangel diz que novas variedades estão por vir e deverão despertar a atenção dos produtores. “Existem 10 linhagens, oriundas do cruzamento com Metica 1, as quais foram incorporados genes de resistência à brusone. Desses materiais, dois serão escolhidos para serem lançados”. A brusone é uma doença fúngica bastante comum nas várzeas tropicais e pode ocasionar perdas significativas.

Reencontro – O projeto Flores de Goiás fica a 450 quilômetros de Goiânia e possui características bem diferentes de Luis Alves. Ele está localizado no nordeste do estado, em uma região carente, e pode beneficiar centenas de pequenos e médios produtores. O empreendimento irá alcançar uma área total de irrigação de 25 mil hectares, compreendendo a faixa que vai do Rio Paraná ao Rio Macacão. Ou seja, da cidade de Formosa até Alto Paraíso, passando por várias propriedades, dentre elas quatro assentamentos.

A irrigação se dá por gravidade em cerca de mil hectares. Duas outras barragens menores estão em fase final de construção e outras sete serão feitas. Para a implementação da iniciativa, foram desapropriadas apenas as áreas das barragens. O relacionamento dos produtores de Flores de Goiás com a cultura do arroz vem de longa data. O cereal já predominou na região, mas entrou em declínio na década de 90. De 1985 a 1995, o número de produtores decresceu de 30 para 15.

 

Leitura dinâmica

Os projetos irrigados de Goiás

Projeto Luiz Alves
Divisa Goiás com Mato Grosso

2 mil hectares sistematizados

Projeto Flores de Goiás
Nordeste de Goiás

1 mil hectare sistematizado

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