Arroz maduro

A cadeia produtiva do arroz está fazendo a sua parte. E espera que o Governo faça a dele..

O ano de 2005 encaminha-se para o seu final com a cadeia produtiva do arroz superando sua pior crise nos últimos 10 anos, segundo alguns dos principais consultores do país. Ainda assim, apesar da perda de renda dos produtores e troca de mãos de muitas lavouras, da ociosidade e do estrangulamento das margens da indústria de beneficiamento e os números negativos da indústria de máquinas e implementos, a cadeia produtiva do arroz sai fortalecida e mostra uma maturidade que faltou em outras crises, quando a culpa se resumia à falta de uma ação mais paternalista do Governo Federal. 

É evidente que a morosidade na tomada de decisões e na liberação de recursos – boa parte prometidos e não liberados – pelo Governo Federal afetou o mercado e a renda dos produtores. É uma obrigação legal, moral e estratégica – por uma questão de segurança alimentar – do Governo Federal garantir ao menos os preços mínimos. Os volumes de recursos somente liberados no final do ano, reprogramação do vencimento das parcelas de custeio somente quando as primeiras estavam vencendo são exemplos desta morosidade. Menos mal que os recursos começam a chegar. 

Mas pelo caminho, enquanto o Governo Federal não encontrava a chave do cofre, muitos produtores ampliaram seu endividamento, indústrias operaram com dificuldades e milhares de pais de família perderam seus postos de trabalho. A economia de centenas de municípios arrozeiros, em todo o Brasil, foi grandemente prejudicada. 

No fim, o esforço político e setorial, mesmo com resposta tardia, deu resultado. A União vai retirar do mercado um milhão de toneladas. 

Apesar disso, a cadeia produtiva do arroz fez e está fazendo sua parte na busca de soluções que lhe competem. É o caso do esforço da indústria arrozeira gaúcha e das trades que conseguiram viabilizar a exportação de quase 300 mil toneladas de arroz -base casca – até outubro. Um recorde. 

ABERTURA – A abertura de novos mercados é um desafio a que estas empresas se propuseram. E estão vencendo. Independentemente de haver ou não consenso sobre os meios empregados, a pressão sobre o Mercosul – e também a influência do câmbio e dos preços no mercado interno – reduziram a entrada de excedentes no Brasil. 

A cadeia produtiva do arroz, por iniciativa da Embrapa Arroz e Feijão e do Irga, passou a buscar formas de incentivar o consumo de arroz. Os produtores e indústrias aprenderam a valorizar o arroz de qualidade superior. No Rio Grande do Sul e no Mato Grosso, onde o conceito de qualidade está mudando o perfil da lavoura, a crise, desta vez, não trouxe só más notícias. Trouxe também exemplos de superação, de organização da cadeia produtiva em busca de soluções independentes do paternalismo governamental e de que o setor está fazendo a sua parte. 

O ano de 2005, definitivamente, não foi bom para o arroz. Mas trouxe lições importantes. E iniciativas que que nos fazem acreditar que dias melhores virão!

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