Arroz na pressão

 Arroz na pressão

Argentina: alta dos custos vem reduzindo a área

Produção dos países do Mercosul cresceu e
vai manter pressão
sobre o mercado doméstico.

A temporada comercial 2017/18, iniciada em março último, será marcada por uma pressão de oferta de arroz no mercado brasileiro levando em conta que houve um avanço de quase 2% na produção da Argentina, Paraguai e Uruguai, cerca de 70 mil toneladas, e mais de 1,5 milhão de toneladas no Brasil. A situação seria mais equilibrada caso os preços internacionais não viessem em uma trajetória de baixa, o câmbio brasileiro não fosse tão favorável à importação e a conjuntura nacional não apresentasse a necessidade de preços mais altos para fazer frente ao custo. E se as empresas brasileiras estivessem conseguindo exportar pelo menos em volumes similares a 2016. Mesmo no Mercosul a expectativa é de retração nos preços nesta temporada e alta competição no mercado das Américas e do Oriente Médio.

O único país dos três vizinhos, cuja produção já é contabilizada no Brasil, a reduzir área nesta temporada foi a Argentina. Inicialmente a expectativa era de que seriam colhidos 208,9 mil hectares, mas com perdas em Formosa e uma expectativa menos otimista, a superfície semeada, que chegou a 214,5 mil hectares na temporada 2015/16, agora reduziu para 207 mil hectares. A produção, porém, aumentou pelo clima favorável à cultura, que fez crescer a produtividade em 5,4%, para 6.935 quilos por hectare, totalizando uma colheita de 1.439.158,0 toneladas.

O Paraguai apresentou novo aumento de área e mostrou-se um fornecedor que joga as regras de mercado para garantir o escoamento de sua produção mesmo que os preços caiam praticamente ao nível do custo. A evolução foi de 2 mil hectares, ou 1,3%, para 150 mil hectares. A projeção é de uma produtividade estável, apenas seis quilos acima da média por hectare da temporada passada, confirmando uma produção total de 1.032.150,0 toneladas. Em geral, os paraguaios exportam 60% da produção, sendo 90% do total para o Brasil. Em 2016 o volume se aproximou de 500 mil toneladas. No entanto, os paraguaios vêm trabalhando sério para abrir novos mercados. Embora ainda em lotes pequenos, as exportações estão acontecendo por causa da alta competitividade dos rizicultores do país vizinho.

Duas novidades sinalizam para um futuro promissor para a orizicultura guarani. Em primeiro lugar, estão por ser lançadas variedades locais adaptadas à realidade do país, mas com características superiores às atualmente utilizadas, que têm origem no Brasil e na Argentina. Em segundo lugar, está por ser regulamentado o uso de água do Rio Paraná para 150 mil hectares de três províncias. Atualmente apenas a bacia do Rio Tebicuary é a maior para irrigação na região, e seu limite máximo de abastecimento é 70 mil hectares. “O potencial da produção arrozeira no Paraguai é muito grande, mas dependerá de ter consumidores para vender”, avisa Héctor Ramirez, especialista na produção e empresário do setor no país vizinho.

URUGUAI

O Uruguai manteve a área cultivada na temporada passada (162 mil hectares) e deverá alcançar um avanço de rendimento por área de 2%, para 7.835 quilos por hectare, e uma produção de 1.269.270,0 toneladas. O país vem trabalhando no sentido de garantir o escoamento de parte de sua produção para o mercado internacional. Além de apostar forte na demanda brasileira, há expectativa de maior penetração do grão uruguaio no Oriente Médio e na América Central. “Os países árabes, como Irã e Iraque, são importantes porque oferecem uma remuneração mais próxima das necessidades da cadeia produtiva, realizam leilões de compra a preços bem competitivos”, explica Alfredo Lago, presidente da Associação de Cultivadores de Arroz do Uruguai (ACA).

Lago: exportações são vitais ao Uruguai

FIQUE DE OLHO
Com o volume de excedentes batendo na casa de 2,3 milhões de toneladas, a expectativa nestes três países é de que o Brasil importe pelo menos 1 milhão de toneladas. Mais 1,2 milhão seria dirigida a terceiros destinos da América do Sul, América Central, Europa, África e Oriente Médio. O restante, projeta-se que será consumido pelos próprios mercados internos.

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