Bons ventos, pouca chuva

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Falta de água limita ampliação da área arrozeira no Mercosul

Surfando numa onda de bons preços desde o início da pandemia, três dos quatro países que compõem o Mercosul comemoraram uma ótima safra de arroz em 2020/21. A exceção é o Paraguai, cujo limitante foi a disponibilidade de água na bacia do rio Tebicuarí, que concentra boa parte da produção local de arroz. Este problema pode voltar a afetar novamente a região. Para a temporada 2021/22, a expectativa é de que a área no conjunto dos quatro países seja ainda maior, se as chuvas voltarem e for possível reservar água. Mas, a produção não deve evoluir tanto segundo as lideranças ouvidas.

O clima está em transição entre neutro e La Niña, que deve chegar no final da primavera. No Paraguai, não houve outro jeito, os produtores passaram a investir em barragens e “reservórios”, quadros de dezenas de hectares fechados com água entre 1,5 a dois metros de profundidade para garantir a nova safra. E avançaram algumas lavouras para as margens do Rio Paraguai. Consultorias que trabalham com produtores paraguaios consideram que, apesar dos rios em baixa, a situação é um pouco menos complicada do que no ano passado. O problema está no escoamento da safra e na baixa histórica do Rio Paraná, que também afeta Corrientes, província responsável por 49% da produção argentina de arroz.

No Uruguai, a situação é um pouco melhor, pois a irrigação é baseada em barragens e estas entraram agosto com 88% de recomposição dos níveis, segundo o presidente da Associação dos Cultivadores de Arroz do Uruguai (ACA), Alfredo Lago. No Sul do Brasil, algumas regiões estão com barragens entre 60% e 70% da capacidade e há um temor de que a falta de água para irrigação interfira na dimensão das lavouras. A previsão ainda é de chuvas abaixo da média e sob La Niña as precipitações são irregulares em volume e distribuição.

Entidades, técnicos, produtores e fontes oficiais ouvidas por Planeta Arroz projetam um avanço médio próximo de 1% em área, em especial pelo avanço de 10% na área uruguaia e da recuperação também a aproximada deste índice no Paraguai. A Argentina deve repetir área e o Brasil tende a apresentar uma pequena retração. Ainda assim, como o clima de 2020/21 foi espetacular, há uma expectativa de que a região produza um pouquinho menos, também ao redor de 1%.

MERCADO
A comercialização do Mercosul está atrasada em comparação com o ano passado, quando a pandemia gerou uma onda de altas vigorosas de preços no mundo e uma demanda muito forte na região que colhia uma ótima safra. Paraguai e Uruguai entraram 2021 praticamente com estoques zerados e a Argentina só não viveu a mesma situação por causa de uma política de valorização do produto no mercado interno e oneração das exportações.

A partir do final de 2020, no entanto, as vendas de arroz o bloco econômico caíram, a competitividade foi atingida, o valor dos fretes se tornaram exorbitantes, o Rio Paraná que escoa para o mar as cargas do grão da Argentina e do Paraguai teve uma baixa histórica. A expectativa é de que o segundo semestre do ano comercial seja mais efetivo na comercialização para enxugar estoques e trazer mais condições de competir. Para isso, a região conta com uma frustração da safra dos Estados Unidos e o aumento do consumo entre seus clientes, por enquanto abastecidos.

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