Cada um no seu quadrado

 Cada um no  seu quadrado

Muitos fatores jogam contra o produtor na safra atual

Produção brasileira deve cair na temporada 2015/16. Clima, preços no primeiro semestre e custos serão determinantes

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Mesmo com o governo brasileiro registrando os menores estoques públicos de arroz em décadas – 127 mil toneladas – e o baixo volume de importação ao longo de 2015, a lavoura nacional vai encolher nesta temporada e a colheita também.

O clima adverso, com excesso de chuvas no Sul e seca no Nordeste, provocado pelo fenômeno climático El Niño, atrapalha a semeadura e a formação das lavouras. A dimensão do cultivo também é afetada pelo aumento dos custos, especialmente de energia e mão de obra, e os baixos preços praticados no primeiro semestre do ano comercial, que vai de março de 2015 a fevereiro de 2016.

Sem recursos liberados para os rizicultores do Sul do Brasil financiarem a comercialização, ao menos 40% destes precisaram vender o arroz logo que foi colhido para honrar o crédito assumido com os fornecedores e outros custos. Isso concentrou a oferta, baixou preços e afetou a renda de milhares de produtores na região responsável por quase 80% da produção nacional.

Diante deste quadro, o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado no início de outubro indica um cenário mais ajustado para a cultura na temporada 2015/16, e a safra será até menor do que o consumo anual. A intenção de plantio demonstra que os agricultores pretendem reduzir a lavoura brasileira entre 1% e 3,2%, passando de 2,29 milhões de hectares para algo entre 2,22 e 2,27 milhões. Com a alta dos custos, a tendência é de que o rizicultor reduza a aplicação de tecnologias. Por isso, a Conab projeta redução de 0,8% na produtividade média brasileira, que deve cair de 5.424 para 5.383 quilos por hectare.

Os números serão ajustados no decorrer da safra, por conta do comportamento do clima, mas dão uma dimensão dos fatores internos e externos que afetam o cultivo. Todo este cenário indica uma produção que pode ser até 40 mil toneladas menor que o consumo médio anual registrado no Brasil, de 12 milhões de toneladas de arroz base casca. Ou seja, das 12,45 milhões de toneladas colhidas na temporada 2014/15, a nova temporada deverá representar entre 11,96 milhões e 12,22 milhões de toneladas. A retração no volume de grãos produzidos fica entre 1,9% e 3,9%.

A queda mais representativa é do Rio Grande do Sul, estado que representa cerca de 70% da safra doméstica. Sua safra ficará entre 4,4% e 6% menor, algo entre 350 mil e 500 mil toneladas a menos, um volume bastante expressivo e que representa até 45% da safra do segundo maior produtor nacional: Santa Catarina. A Conab projeta ainda o Tocantins como terceiro maior produtor de arroz na temporada que se inicia, com até 620 mil toneladas, e o Mato Grosso como quarto, com até 609 mil. O Maranhão fecha o quinteto com o potencial máximo de colheita projetado em 526 mil toneladas.

REGIÕES
Entre as regiões, o Sul registra queda de 3,3% a 5% na produção, o que afetará o conjunto da safra nacional. O Centro-Oeste ficará entre estabilidade e pequeno recuo (-2,7% até -0,1%), enquanto deve haver crescimento nas regiões Sudeste (2,3%), Nordeste (6,7% a 9%) e Norte, que plantará mais tarde e ficará entre uma queda de 2% e uma alta de 3,4% no volume de arroz gerado nesta temporada. A estimativa da Conab é de que o Brasil tenha um estoque de passagem de 716,9 mil toneladas em 28 de fevereiro próximo – sendo 120 mil do governo – e de 406,2 mil um ano depois. O suprimento total, considerando safra, importações e estoques, na próxima temporada alcançará 13,4 milhões de toneladas para uma demanda de 13 milhões de toneladas com 12 milhões de consumo doméstico e 1 milhão de exportações.

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