Charruas em pé de guerra

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Lago: decepção com o governo uruguaio

 Arrozeiros uruguaios deram a partida num movimento de protestos que alcançou todas as cadeias do agronegócio e obrigou o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, a rever um reajuste de tarifas de energia elétrica e retirar 15% de impostos (IVA) dos combustíveis pelo período de um ano. O governo afirmou que 70% dos produtores do país, ou 5,5 mil produtores rurais, seriam beneficiados. No entanto, o agronegócio uruguaio avaliou que menos de 20% destes produtores teriam acesso ao benefício.

O movimento popular de “autoconvocados” passou a se denominar Movimiento Por Um Solo Uruguay e elegeu líderes que se reuniram com o presidente, fortalecendo os pleitos das entidades setoriais como a Asociación Cultivadores de Arroz de Uruguay (ACA). No final do ano passado, os arrozeiros foram a Vázquez apresentar um relatório sobre os altos custos de produção e pedir a redução do valor dos combustíveis e tarifas elétricas e receberam a afirmação de que o presidente era sensível ao problema e buscaria soluções.

Em 1º de janeiro de 2018 foram surpreendidos com um reajuste das tarifas de energia e combustíveis e cobraram o compromisso assumido pelo presidente, que – embora o Uruguai tenha uma das maiores produtividades de arroz no mundo – os aconselhou a “serem mais competitivos”. Fora isso, o partido do governo afirmou que o movimento era partidário. O “conselho” e a politização do tema foram a gota que faltava para gerar revolta em todo o agronegócio do país vizinho. Cerca de 10 mil pessoas se reuniram em um ato no final de janeiro em Durazno. Máquinas e implementos foram colocados, em protesto, à beira das rodovias federais. Apesar das medidas, as mobilizações continuam, pois os produtores entendem que nem todas as cadeias produtivas serão beneficiadas e que as mudanças precisam ser estruturais.

As medidas foram consideradas frustrantes pelo gaúcho de Guaíba, Alfredo Lago, 51 anos, presidente da ACA, radicado no Uruguai há décadas. Novas audiências estão agendadas, o governo está sob pressão e os produtores determinados. Depois de já terem recebido até US$ 11 por saca de arroz no passado, os arrozeiros uruguaios, apesar da produtividade superior a 8,5 mil quilos por hectare, estão recebendo pouco mais de US$ 9 e acusam prejuízos e custos de produção que inviabilizam a orizicultura no país e aumentam o endividamento. Lagos estimou que o custo de produção da atual safra deve subir US$ 80, para US$ 1,9 mil, e que seria necessário produzir 9,5 mil quilos por hectare para que o arrozeiro uruguaio tenha renda, ou seja, aumentar em 1 tonelada a produtividade.

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