Clima atrasa o plantio no Brasil e pode afetar produtividade

O fenômeno La Niña é o responsável por esses extremos
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Clima atrasa o plantio no Brasil e pode afetar produtividade
No Sul há excesso de chuva, enquanto no Centro-Oeste e Sudeste faltam precipitações. Enquanto no Sul do País os produtores estão de braços cruzados porque não pára de chover, no Centro-Oeste e Sudeste faltam precipitações para o cultivo da safra. Com isso, há atraso no arroz, soja e milho. Este, com prejuízo já confirmado, além da possibilidade de a área diminuir. O fenômeno La Niña é o responsável por esses extremos.

– Historicamente em anos de La Nina há diminuição do potencial produtivo porque atrasa o plantio e porque no verão pode haver períodos chuvosos no Centro-Oeste e Sudeste e de estiagem no Sul – diz Paulo Etchitchury, da Somar Meteorologia.

Apenas 1% da superfície da soja foi cultivada no País para 5% no ano passado. No arroz, o plantio chegou a 12,7% no Rio Grande do Sul, semelhante a 2006. Mas há regiões do estado com apenas 2,5% para média de 14%. No milho, foram 30% em Goiás (para média de 50%), 42% no Paraná – para 64% no ano passado – e 45% no Rio Grande do Sul (o que significa um atraso de sete dias em relação às últimas cinco safras).

A previsão é que as chuvas sigam nos próximos dias no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, enquanto no Paraná e São Paulo voltem gradualmente. Em Minas Gerais e Goiás, precipitações no final do mês.

– As frentes frias estão ficando bloqueadas no Sul. Enquanto em outras regiões os produtores estão esperando as chuvas para plantar – diz André Madeira, da ClimaTempo.

Segundo a Somar Meteorologia, apenas o Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm condições de plantio, com umidade do solo acima de 50%. No entanto, o excesso de chuvas impede a entrada das máquinas nas lavouras.

– Onde está chovendo não é período de plantio de soja – diz Flávio França Júnior, diretor da Safras & Mercado.

Segundo ele, por enquanto o atraso no cultivo nas demais regiões não traz efeito para a cultura, mas pode inviabilizar o milho.

– O inconveniente seria a concentração de plantio, pois um problema climático afeta todo mundo – diz.

A situação mais crítica é em Minas Gerais, com umidade de 0% a 10% – em boa parte do estado não chove há mais de 150 dias. O Sul do Rio Grande do Sul vive o contrário: 90% de umidade no solo.

– Os arrozeiros têm situação bem diferente de outros anos, quando os reservatórios estavam vazios. Agora as chuvas atrapalham, mas estão dentro da normalidade – diz Etchitchury.

No Sul, de acordo com ele, o período seco do Paraná é atípico e, no Centro-Oeste, o mais problemático é Goiás. Ambos são importantes estados produtores de milho.

– Quem arriscou está perdendo – diz Adriano Vendeth de Carvalho, da SoloBrazil.

Ele acredita em uma perda de 10% na produtividade, com possibilidade de redução da área.

No Norte e o Médio Norte de Mato Grosso há chuva, com atraso no plantio. Valdir Corrêa, diretor-secretário da Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato), diz que nem 10% da soja foi semeada para uma média de 50%. Na sua avaliação, isso pode provocar problemas na safrinha do algodão, mas para a segunda safra de milho, há tempo hábil.

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