Clima: La Niña se intensifica e afetará safra 2010/2011

Desta vez, os meteorologistas acreditam que ainda é cedo pra saber se o atual La Niña é igual àquele que arrasou a agricultura há dois anos.

Neste mês de julho, os reflexos da chegada do fenômeno La Niña começaram a se intensificar. As mudanças deixam os agricultores em alerta, já que o clima pode prejudicar diversas culturas, especialmente na Região Sul do país. La Niña é o nome dado ao processo de resfriamento nas águas do oceano pacífico. Quando isso ocorre, o clima mundial se altera. No Brasil, não é diferente.

A manifestação típica do La Niña, historicamente, inclui: a redução das chuvas na Região Sul do Brasil, estendendo até o Sudeste, com mais irregularidade nas precipitações. E maior regularidade e mais chuvas na faixa norte do Brasil, pegando parte do Nordeste e parte da Região Norte, segundo o meteorologista Mozar Salvador, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No Sul do Brasil, os produtores lembram bem da última vez que o La Niña modificou o clima. Foi na safra 2007/2008. Na região, choveu cerca de 200 milímetros a menos do que o normal para o período. O resultado foi uma perda de mais de 24% na produção de grãos. Somente no Estado do Paraná, o prejuízo superou a marca dos R$ 4 bilhões, devido à estiagem provocada pelo La Niña. As perdas também atingiram com intensidade o Nordeste do Brasil. Em algumas regiões choveu cerca de 500 milímetros a mais do que o comum. O excesso de chuva na colheita reduziu em 19% a produção naquele ano. No Brasil, o fenômeno La Niña causou um prejuízo de R$ 1,8 bilhão, perda de 22% entre 2007 e final de 2008.

Desta vez, os meteorologistas acreditam que ainda é cedo pra saber se o atual La Niña é igual àquele que arrasou a agricultura há dois anos. De acordo com dados do relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgado na última semana, o atual fenômeno ainda está em fase de desenvolvimento. Os sinais do La Niña não estão bem estabelecidos, mas essa situação deve mudar nos próximos meses. Então não se sabe a durabilidade disso, não se sabe até que ponto a intensidade vai chegar e a durabilidade que vai chegar também.

Porém, certamente nos próximos três ou quatro meses o La Niña vai ter uma atuação bastante forte, segundo Hilton Silveira Pinto, do Cepagri/Unicamp. Enquanto ainda não se sabe o real impacto do fenômeno nesta safra, a recomendação ao produtor é ficar atento as novidades. Os especialistas em clima continuam monitorando o fenômeno La Niña. A maioria dos modelos de previsão indica que no decorrer do trimestre agosto, setembro e outubro de 2010 as características do fenômeno vão estar mais evidentes. A antecipação da informação é para fazer um alerta ao produtor. O cenário climático muda. Em posse de toda tecnologia, com sabedoria e informação ele tem que adotar estratégias, manejos, no sentido de minimizar o efeito climático, que o clima pode trazer na próxima safra, segundo o meteorologista Paulo Etchichury, da Somar.

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