Clima pesado

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Rio Jacuí: engoliu as lavouras de arroz em outubro e dezembro

Safra de arroz foi a mais afetada pelo fenômeno climático El Niño.

 Em maior ou menor grau, a passagem do El Niño no Brasil está comprometendo a safra de grãos em 2016. A cultura mais afetada pelo fenômeno climático, o mais intenso das últimas três décadas, é a lavoura de arroz do Rio Grande do Sul, com reflexos também em Santa Catarina, Mato Grosso, Tocantins, Paraná, Mato Grosso do Sul e Nordeste. A safra no ciclo 2015/16 ficará abaixo do estimado, considerando o atraso no plantio e os danos nas lavouras.
Dados preliminares do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) apontam uma quebra de 15% na produção gaúcha. Até a última semana de janeiro o levantamento do Irga estimava uma perda de 38 mil hectares, ou seja, quase 4% da área total cultivada com o cereal no RS, que representa 68% da produção nacional.

A situação é mais grave na Depressão Central, que tem o maior número de produtores. De acordo com o diretor técnico do Irga, Maurício Fischer, as chuvas acima das médias registradas ao longo de 2015, principalmente em outubro e dezembro, provocaram inundações e danos nas lavouras comprometendo mais da metade da área plantada na região. “Os produtores que registraram prejuízos nesta safra ainda estão pagando endividamentos contraídos na safra 2009/10, também em decorrência de enchentes”, observa. Alguns sem acesso ao pré-custeio em 2015.

Na Campanha, Planície Costeira Interna e Fronteira Oeste as perdas estimadas variam de 10% a 15%. Na Zona Sul e Planície Costeira Externa, pelo menos até janeiro, não houve danos significativos nas lavouras.

De acordo com Fischer, que acompanha o comportamento do El Niño desde a década de 1950, a partir de informações levantadas pelo Irga, este foi o de maior intensidade registrado até agora. As piores incidências do fenômeno ocorreram nas safras 1982/83, 1997/98 e 2009/10, sendo que nesta última as perdas foram de 14%. “A diferença em relação à atual safra é que o RS projetava área de plantio 5% menor em relação ao ciclo anterior. Isso faz com que uma quebra acima de 15% tenha mais impacto”, considera.

Os números oficiais do Irga serão apresentados à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, antes da Abertura Oficial da Colheita do Arroz, marcada para os dias 18 a 20 de fevereiro, em Alegrete (RS).

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz), Henrique Dornelles, explica que um relatório preliminar das perdas foi apresentado ao secretário de política agrícola do Mapa, André Nassar, e que este já tem a dimensão dos prejuízos à lavoura de arroz do RS.

Conforme Dornelles, o Mapa esperava a conclusão do levantamento da safra de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em fevereiro, já que os números publicados em janeiro não contabilizavam as perdas do arroz. “Estes levantamentos servirão como subsídio para que possamos buscar no governo federal medidas de apoio à comercialização da safra”, ressalta.

A garantia de pré-custeio já foi dada pela ministra Kátia Abreu, com abertura das contratações no dia 1º de fevereiro. São 10 bilhões de créditos para este fim. O setor ainda busca garantias de que o nível de exigência das instituições de crédito não será proibitivo aos agricultores.

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