Cobertor curto
Mercosul reduz 250 mil hectares e quase 1,5
milhão de toneladas
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Mesmo com sistema produtivo idêntico, com as economias tropeçando, sem conseguir organizar sua relação de oferta e demanda por conta das assimetrias tributárias, comerciais, ambientais e de legislações, e com uma disputa interna nociva aos quatro países, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) está reduzindo o tamanho de sua lavoura e sua produção na temporada 2018/19.
A expectativa, segundo os organismos oficiais, é de que a queda em área absoluta represente 253,8 mil hectares (ou 10,2%) sobre o ciclo 2017/18, considerando que Argentina, Brasil e Uruguai estão reduzindo suas lavouras e o Paraguai está aumentando.
Em produção, a temporada que se encerra deve apresentar uma queda de 9,4% (ou 1,47 milhão de toneladas), com o Brasil registrando -11,7%, Argentina -6,9%, Uruguai -7,7% e os arrozeiros paraguaios ampliando a colheita em 6,5% e superando 1 milhão de toneladas pela primeira vez na história. É o único país com alta constante de área e produção, beneficiado pela localização estratégica de sua cadeia produtiva – próxima de grandes centros de consumo no Brasil –, custos de produção bem inferiores e benefícios fiscais em estados brasileiros como Minas Gerais, São Paulo e Goiás.
A queda na superfície semeada no bloco comercial já ocorre ao longo de praticamente toda a década por diferentes razões, mas principalmente por falta de competitividade de alguns núcleos, como a zona de sequeiro (ou terras altas) no Brasil, pelos altos custos de produção e pela própria disputa dos quatro países por maior participação no mercado brasileiro, o maior fora da Ásia e único expressivo no continente.
Enquanto o Brasil consome entre 11 e 12 milhões de toneladas de arroz, os países vizinhos consomem 64 mil (Uruguai), 160 mil (Paraguai) e 400 mil (Argentina), segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda). No entanto, estes países produzem, em média, de 1 milhão a 1,3 milhões de toneladas, gerando excedentes que devem ser colocados no comércio internacional. Sentindo essa pressão desde a década de 90, o Uruguai conseguiu encontrar outros mercados, como Iraque, Peru, México, União Europeia e Turquia, que somados ao Brasil representam 80% de sua demanda.