Como nos velhos tempos

Safra catarinense
retoma o vigor
e volta a crescer
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 Para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de Santa Catarina, segundo maior produtor de arroz do Brasil, registrou uma recuperação de 7% na temporada 2016/17, alcançando 1,13 milhão de toneladas limpas e secas. A recuperação estaria observando apenas o crescimento de 7% da produtividade, que pulou 500 kg/ha (quilos por hectare), para 7.638 kg/ha, mas, por limitações diversas, a área cultivada teria se mantido em 147,4 mil hectares.

Os números são ótimos, mas a euforia dos catarinenses em termos de produção e produtividade vai muito além. A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) aponta a colheita de 1.176.235 toneladas em 2016/17, 14,57% superior ao ciclo passado. A produtividade seria a maior do Brasil, retomando um patamar que já foi catarinense nos anos 90 e início dos anos 2000: 7.931 kg/ha em média. Na safra anterior não passou de 6.998 kg/ha, 13,33% menor. A área plantada, segundo o Cepa, cresceu 1,1%, para 148.316 hectares.

Segundo a analista de Socioeconomia Epagri/Cepa, Glaucia Padrão, o crescimento de quase 15% reflete o clima favorável. Por outro lado, destaca que a diferença representa ser maior por causa do baixo resultado da safra 2015/16, principalmente na região do Alto Vale do Itajaí, que apresentou quebra em muitas lavouras.

A microrregião de Ituporanga foi a que apresentou maior aumento na produção (38,48%) justamente por ter sido mais impactada pelo clima na safra 2015/16. Outra microrregião que apresentou crescimento expressivo foi a de Joinville: 32,73%. A tecnologia também influenciou os índices: a cultivar SCS 121, lançada pela Epagri há três anos, foi a mais plantada e colaborou em produtividade e resistência ao arroz daninho para os resultados da colheita.

Desvantagem tributária afeta a comercialização

A cadeia produtiva do arroz em Santa Catarina perdeu o incentivo de crédito presumido que era oferecido até abril pelo governo do estado. Esse mecanismo reduzia de 12% para 9% a alíquota de ICMS para vendas em outros estados do Sudeste e Sul e de 7% para 4% nas demais regiões do Brasil. O Estado responde por 12% da nacional. O Rio Grande do Sul, que produz 71% do arroz do país, renovou o incentivo que garante alíquota de 7% no Sul e Sudeste e 4% nas demais regiões para as indústrias que utilizem ao menos 90% do cereal adquirido de arrozeiros gaúchos.

Sem o benefício, Santa Catarina está perdendo espaço no Sudeste para os arrozes gaúcho e paraguaio. O presidente do Sindicato da Indústria de Arroz de SC (Sindarroz), Silvério Orzechowski, juntamente com o presidente da Cooperativa Agropecuária de Tubarão (Copagro), Dionísio Bressan Lemos, e o presidente da Urbano Agroindustrial, Renato Franzner, formou uma comissão para reivindicar junto à Fazenda do Estado a volta do incentivo com urgência.

O governo do estado já está atualizando a legislação para reeditá-la. Em SC, são 8 mil famílias no setor e 40 indústrias de beneficiamento que geram 6,5 mil empregos diretos.

FIQUE DE OLHO
O ponto negativo é que a ótima colheita influenciou os preços pagos ao rizicultor catarinense. De acordo com Glaucia Padrão, a saca de arroz entrou julho sendo comercializada em média a R$ 40,00 enquanto na safra passada o valor na época era superior e ao longo do ano chegou a R$ 50,00. Os tratores já voltaram aos campos para o preparo antecipado da próxima safra, que em função dos preços e das limitações de área tende a ser muito semelhante se o clima não atrapalhar. Apesar da grande colheita, os catarinenses precisarão importar cerca de 400 mil toneladas de arroz de outros países e estados, principalmente do Rio Grande do Sul, para atender a demanda de sua indústria arrozeira, que tem capacidade de beneficiar mais de 1,5 milhão de toneladas de arroz em casca.

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