Contra tudo e contra todos

Clima e preços reduzem
em 10% a safra, uma das
menores em 10 anos .

O Rio Grande do Sul representará 69% da produção brasileira de arroz na safra 2017/18, totalizando colheita de 7,86 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A queda produtiva é de 870 mil toneladas, ou 10% em comparação com o resultado do ano passado. A redução de 2,1% na área e de 8% na produtividade explica o volume menor de grãos.

O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) indica que os rendimentos podem ser ainda inferiores. Maurício Fischer, diretor-técnico, enfatiza que atraso no plantio de quase 50% da lavoura refletirá nos números finais. “A primeira metade das lavouras colhidas, semeadas no período ideal, manteve rendimento superior a 8 mil quilos por hectare, mas a partir de 15 de abril começamos a colher a área atrasada e verificamos a caída das produtividades, o que já era previsto”, relata.

Segundo Fischer, a quebra na produção se deve à diminuição de área – associada aos baixos preços praticados em 2017 – e a adversidades climáticas em fases cruciais do cultivo, como chuvas de primavera, que atrasaram o plantio, e o frio atípico no período reprodutivo, em fevereiro. O domínio de alta tecnologia pelos arrozeiros gaúchos impediu uma queda maior. “Diante do cenário, esperamos que, ao menos para uma parte dos produtores, os preços reajam e compensem as perdas”, frisa. A safra 2017/18 deve se confirmar como a quarta menor dos últimos 10 anos, portanto, abaixo da média em área, produção e produtividade.

ARROZ DANINHO
Embora pouco divulgado, um dos fatores de atraso na Depressão Central gaúcha na temporada 2017/18 foi a alta infestação das lavouras por arroz vermelho resistente a herbicidas. Na região, os rizicultores precisaram manejar o solo e esperar a temperatura e umidade ideal para provocar duas ou três brotações do banco de sementes da invasora. Isso atrasou a semeadura em 20 a 30 dias.

Colheita gaúcha: grande interferência do clima e dos preços