Covid-19 eleva cotações globais

 Covid-19 eleva cotações globais

Patrício: estoques maiores tranquilizam o mundo

Mesmo com os estoques mundiais em patamar recorde, demanda maior
e quebra da logística afetam setor
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 Apesar de os estoques mundiais de arroz terem atingido o patamar recorde de 272 milhões de toneladas em base casca (ou 181,1 milhões de toneladas em base beneficiado), os meses de março, abril e maio estão sendo agitados para fornecedores e importadores globais, levando a uma alta das cotações ao redor do mundo. O cenário é atípico, forçado pela pandemia do coronavírus covid-19 que gerou reavaliação dos estoques e quebra na cadeia de logística e transporte dos grandes exportadores e maior demanda e antecipação das compras dos grandes importadores, visando o abastecimento de seus países.

Quem deflagrou maior fator de alta ao redor do globo foi o Vietnã, ao anunciar no final de março a suspensão de suas vendas e liberar o embarque apenas de 400 mil toneladas já adquiridas no país. Os países consumidores se dirigiram à Tailândia, que em poucas horas viu suas cotações subirem 10%. Os preços do arroz no principal exportador mundial, a Índia, atingiram o maior patamar de alta em nove meses na semana que fechou o mês de abril, impulsionadas pela demanda africana e asiática. Ao mesmo tempo, a discrição da China com relação ao mercado – depois de ter ofertado mais de três milhões de toneladas em 2019, e a prolongada estiagem na Tailândia, que pode gerar perdas de até dois milhões de toneladas, foram o pano de fundo desta turbulência asiática.

A variedade parboilizada com 5% de quebrados, referencial do comércio da Índia, foi cotada entre US$ 378 e US$ 383 por tonelada entre 27 e 30 de abril, a maior desde a primeira semana de agosto, e acima dos US$ 374 a US$ 379 por tonelada cotada na semana passada. Na Tailândia, sem vendas expressivas no final de abril, a seca limitou a oferta do grão e manteve taxas elevadas. Em 2019, o fortalecimento da moeda local retirou parte da competitividade do país, que é o segundo maior exportador mundial. Os preços de referência do arroz com 5% quebrados da Tailândia se elevaram para US$ 535 a US$ 557 ao final de abril.

Em março o Vietnã, terceiro maior produtor mundial, exportou 655.260 toneladas de arroz considerando aromáticos, glutinoso e índica. Com a crise mundial provocada pela covid-19, o Vietnã restringiu as vendas internacionais em abril, mas o governo acabou liberando a remessa de 400 mil toneladas adquiridas anteriormente e outras 100 mil t de novos contratos por pressão dos empresários.

FIQUE DE OLHO
Patricio Méndez del Villar, economista do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França, havia alertado que em março os preços mundiais do arroz tiveram fortes aumentos diretamente relacionados à pandemia de coronavírus.

De maneira geral, os exportadores asiáticos enfrentam problemas com a falta de mão de obra e quebra da cadeia de logística e transporte, frente à grande demanda dos compradores internacionais, em especial da Ásia e da África. Embora as condições atuais do mercado sejam bastante diferentes de 2008, a preocupação é forte, já que os países importadores dificilmente poderão esperar vários meses antes de assinar novos contratos.

Segundo a FAO, a produção mundial de arroz em 2019 foi de 771,1 Mt (512 Mt de arroz beneficiado), 0,5% a menos que em 2018, mas o suficiente para estabelecer estoques recordes de 272 milhões de toneladas de arroz em casca ou 182,1 milhões de toneladas de arroz beneficiado.

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