De olho nas variáveis

 De olho nas variáveis

Produtor: um olho na lavoura e outro no mercado internacional

O que pode alterar a tendência de queda nos preços do arroz.

O atual desenho do mercado mostra que as mesmas variáveis que levaram o arroz ao fundo do poço, com o comportamento modificado, podem retirá-lo. A alta das cotações nos Estados Unidos é o ponto de partida para a recuperação. Para que ela seja efetiva tem que compensar uma eventual valorização do real em relação ao dólar. Neste sentido, a boa notícia é que o último aperto realizado pelo governo, taxando o capital externo especulativo, fez com que o dólar voltasse a operar acima de R$ 1,70. Se a medida obtiver sucesso no objetivo de estancar a apreciação do real, a elevação dos preços externos tende a refletir no âmbito doméstico, principalmente devido ao ajuste no quadro de abastecimento. Esta movimentação tem reflexos tanto no lado das importações quanto das exportações brasileiras. 

No lado das importações, com a possibilidade de compras externas a níveis mais baixos, os preços no Brasil são obrigados a se ajustar. No lado das vendas externas, a elevação dos preços no âmbito global pode abrir espaço para exportação por parte do Brasil. Segundo o analista Élcio Bento, da Safras & Mercado, olhando-se a movimentação dos preços externos é fácil de entender este comportamento. 

No início de agosto de 2010 a tonelada do arroz beneficiado FOB Bangkok (Tailândia) era negociada a US$ 425.00, derrubando a cotação do cereal norte-americano para US$ 435.00 a tonelada. O preço de exportação no Uruguai, alavancado pela quebra no Brasil, estava em US$ 500.00 por tonelada. Nesta situação, o único mercado em que os uruguaios entrariam com facilidade era o brasileiro. Já uma indicação nominal de exportação de arroz beneficiado no Brasil estava em US$ 575.00 a tonelada, superando a cotação da Tailândia, em US$ 150.00, a dos EUA, em US$ 140.00, e a do Uruguai, em US$ 75.00.

Diferença
Na última semana de outubro a indicação de exportação FOB Rio Grande havia subido para US$ 595.00 por tonelada. Porém, a diferença em relação ao cereal norte-americano (US$ 565.00 a tonelada) havia recuado para apenas US$ 30.00. Em relação ao uruguaio (US$ 540.00 a tonelada) recuou para US$ 55.00 e para o tailandês para US$ 95.00. Isso mostra que o Brasil ainda não é competitivo, mas já está bem mais próximo da realidade dos grandes exportadores. Outra movimentação interessante é em relação aos preços do Uruguai e dos EUA. Em agosto o arroz uruguaio era US$ 65.00 a tonelada mais caro que o norte-americano. No final deste mês de outubro a cotação FOB Uruguai é US$ 25.00 por tonelada mais acessível que o dos EUA. Assim, os uruguaios tendem a voltar com mais força nas vendas para terceiros países e aliviar a pressão sobre o Brasil.

Perspectiva
O presidente do Irga, Maurício Fischer, considera que as medidas anunciadas pelo governo do RS, como isenção da taxa CDO para o arroz adquirido no estado e exportado, e a elevação do crédito presumido de 3% para 3,5% com operações envolvendo a comercialização e o beneficiamento do arroz também favorecerão a competitividade brasileira no mercado externo.

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