Defesa natural

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Campo experimental da UFSM: laboratório a céu aberto mostrou limitações e alternativas para o cultivo de arroz SUD

Pesquisa busca melhores métodos de produção de arroz sem defensivos

Com a escalada dos custos de produção e busca de alternativas de comercialização, a área de pesquisa passou a ser muito demandada por tecnologias capazes de elevar o patamar de produtividade do arroz orgânico e/ou cultivado sem defensivos químicos industriais. Na safra 2021/22, um conjunto de práticas desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisas em Arroz Irrigado e Usos Alternativos de Várzea da Universidade Federal de Santa Maria (GPAI/UFSM) coordenado pelo professor Enio Marchesan chegará às primeiras quatro áreas de produtores nos municípios de Dona Francisca e Faxinal do Soturno, na Região Central gaúcha, por convênios com o Irga, Emater/RS e cooperativas.

Esse é o “start” para a validação das pesquisas realizadas há cinco anos no centro experimental do Grupo na UFSM. O sistema de produção sem uso de defensivos (SUD)é testado há meia década pelo GPAI, e os resultados exigiram adaptações em busca da rentabilidade. A meta é desenvolver técnicas que levem à produção com menor brecha produtiva entre o sistema convencional e o orgânico – que varia de quatro a oito toneladas – e buscar soluções para os obstáculos do cultivo sem agroquímicos.

Após anos de experiência, uma das conclusões foi a de que embora utilizando técnicas diversas de fertilização comuns em outras regiões, não houve resultado econômico ou produtivo eu garantisse renda ao negócio. Encontrar a solução de fertilidade tornou-se a grande meta. Outra é um grão com maior valor agregado, que transfira renda ao pequeno agricultor. É objetivo, também, atender um segmento de consumo que prefere – e paga por isso – alimentos isentos de defensivo “químico”. “O mercado cresce, estamos atentos à tendência”, frisa Marchesan. Assim, foi criado o modelo de produzir “arroz sem uso de defensivos” que não terá residuais, mas oferecerá bom potencial de produtividade e qualidade de grãos.

Entre as novas metas do programa está a busca de estabilidade de produção com tetos produtivos altos. Formar uma associação com foco em produção de tipos especiais de arroz poderia ser o polo incentivador para desenvolver iniciativas. Como é um processo, quanto mais experiências forem feitas, com acompanhamento, mais rápidas serão as respostas e identificadas as melhores tecnologias.

 

Fique de olho
Neste sistema, o controle de plantas daninhas é a grande dificuldade inicial. “É preciso selecionar e trabalhar bem a área. Com o cuidado do produtor e a presença do técnico para monitorar, creio que avançaremos em conhecimento e respostas dos produtos biológicos, patamares de produtividade e valor de comercialização. E isso se aplica não só para este nicho de mercado. O consumidor irá balizar e dizer se prefere este ou outro tipo especial de arroz para carreteiro, risoto, entre outros.

 

Manejo anterior da área no sistema orgânico – Safra 2020-21

 

ALGUMAS REGRAS DE OURO
– Plantas daninhas, pragas e doenças definem a rentabilidade, pois
interferem no potencial da lavoura construída pelo agricultor e o
conjunto de tecnologias aplicado.

– Sistemas alternativos que não preveem aplicação de defensivos
químicos precisam produtos biológicos à disposição para evitar perdas.

– A interação entre a pesquisa e empresas de insumos precisa ocorrer em
linha.

-A adequação da área mediante planejamento, eleva o custo, mas é ponto
chave.

– A diminuição do banco de sementes de invasoras é decisiva para a
eficiência de controle por irrigação e a assistência técnica é fundamental.

-É preciso fazer a limpeza do entorno da área, canais de irrigação,
drenagem e estradas para evitar a multiplicação de plantas daninhas,
pragas ou doenças. Capacitar os recursos humanos é grande desafio.

 

Outros caminhos

O sistema de produção de arroz orgânico tem normas rígidas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que impedem uso de fertilizantes como ureia e outras fontes de fertilização comuns às lavouras convencionais, bem como de herbicidas, inseticidas e fungicidas. Após pesquisar diversas práticas orgânicas e biodinâmica, o GPAI concluiu que a renda obtida no modelo não compensa o investimento, mesmo vendendo o grão até 100% acima dos valores médios do arroz convencional.

Atender as normativas implica em custos adicionais e dificulta a adoção do sistema por pequenos agricultores, diz o coordenador do projeto, o professor Enio Marchesan. Então, a saída foi desenvolver um método de produção de arroz “Sem Uso de Defensivos”, ou seja, sem uso de herbicidas, inseticidas e fungicidas, mas com aplicação dos mesmos fertilizantes das lavouras comerciais. Para invasoras, se usa o manejo da água, para insetos e fungos se usa produtos biológicos e barreiras naturais.

O manejo sem uso de defensivo para o cultivo no “seco”, ou seja não pelo modelo pré-germinado, exige um manejo perfeito da irrigação precoce, de forma a evitar invasoras que competirão por nutrientes e podem afetar a produtividade e o nível de impurezas na colheita. A lâmina de água deve ser uniforme, e exige perfeito nivelamento do solo e controle da irrigação. Variedades geneticamente resistentes às doenças e sementes de boa origem podem evitar ocorrências na lavoura. Pragas preocupam, em especial se ocorrer a infestação em nível de dano. A defesa biológica avança, mas ainda é limitada em eficiência e disponibilidade.

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