Dentro da caixa
Santa Catarina repete boa safra e dá suporte a sua forte indústria
A colheita do arroz em Santa Catarina está encerrada mesmo em áreas que realizam dois cortes com o cultivo da soqueira. A expectativa é de uma retração de 5,85% na produção para 1.180.831 toneladas, ou 73 mil toneladas a menos. Como a área é praticamente a mesma, a diferença está no rendimento de grãos por hectare, que cairá de 8.391 para pouco mais de 7.900 quilos. Os números podem ser ajustados até o fim de maio.
A condição da lavoura, segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) foi considerada normal. “As últimas safras têm sido muito boas em termos produtivos e de qualidade, então o parâmetro comparativo é alto”, explica o presidente da Cooperja, Vanir Zanatta. No sul catarinense, a produtividade esperada é de 7,8 e 7,9 toneladas por hectare. Na região, há relatos de perda de rendimento nas colheitas pelo excesso de chuvas e nebulosidade em momentos cruciais das lavouras, como floração e pré-colheita. O degrane, o acamamento e doenças de fim de ciclo causaram a redução produtiva.
No litoral norte catarinense, o rendimento por área foi maior, entre 7,8 e 8,1 t/ha, com a ressoca gerando adicional médio de 35 sacas por hectare após o primeiro corte. A expectativa é de uma boa safra regional, segundo o engenheiro agrônomo João Rogério Alves, da Epagri. Donato Lucietti, da Epagri no sul de Santa Catarina, enfatiza que algumas propriedades, graças ao nível das tecnologias empregadas, têm obtido rendimentos superiores a 11 toneladas por hectare. Isso, também, por influência da distribuição de chuvas, luminosidade, uso de cultivares de alto potencial produtivo e sementes de qualidade, época de semeadura e o manejo eficiente das etapas do cultivo.
DESAFIO
Silvino Gava planta 140 hectares em Nova Veneza, no sul catarinense. Ele acredita que após a boa colheita o desafio é uma ótima comercialização. “Os preços estão bons, mas precisamos acertar a estratégia de venda e assegurar também o melhor resultado financeiro possível. Faz tempo que o arrozeiro está no vermelho pelos altos custos de produção e baixos preços do arroz” explica. Ele fraciona a venda e usa mecanismos de apoio à comercialização para reduzir os riscos e obter uma média remuneradora para o grão que colhe.
Na safra 2020/21, Santa Catarina produziu 10% do total de arroz do país, mas tem um parque industrial que processa perto de 15% – sem contar filiais em território gaúcho. É através da tecnologia para altas produtividades e em busca de sustentabilidade que os catarinenses estão fortalecendo a cadeia produtiva. A forte indústria catarinense é um dos pilares desse segmento e os rendimentos das lavouras, quase todas de mão de obra familiar, outro.