Depois do susto, aumentam as colheitas
USDA prevê produção global, consumo e estoques maiores para a temporada 2021/22
A produção mundial de arroz para a temporada 2021/22 é projetada em 505,4 milhões de toneladas, um recorde que supera o volume histórico colhido no ano passado, segundo estima o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em seu relatório Wasde, publicado em maio. A pandemia está fazendo com que os grandes consumidores busquem elevar suas produções e estoques. Os maiores aumentos produtivos são esperados na China, Tailândia e Bangladesh e superam o efeito das reduções compensatórias na Índia e nos Estados Unidos.
O consumo global de arroz, no entanto, terá elevação ainda mais acentuada em 2021/22, segundo o USDA. É projetado em um recorde de 513,3 milhões de toneladas, quase 8 milhões acima do ano anterior, com a maior parte desse aumento devido à decisão da China de utilizar maior volume para uso em rações, mas também pela expansão consumista da África.
As exportações globais para 2021/22 são projetadas em 46,5 milhões de toneladas, um pouco acima do ano passado, já que as maiores exportações da Tailândia, Paraguai, Birmânia, Camboja e Paquistão mais do que compensariam as reduções projetadas para a Índia, Vietnã e Estados Unidos no novo ano comercial.
Os estoques mundiais têm prognóstico de chegarem a 168 milhões de toneladas na nova temporada, com queda de 7,9 milhões em relação ao ano passado, com China e Índia sendo responsáveis pela maior parte dessa redução. Os chineses devem concentrar maior consumo de estoques “velhos” no uso de rações, doações humanitárias e comercialização com países do seu eixo, em especial na África, enquanto a Índia, após alcançar recordes de exportação mundial em mais de 16 milhões de toneladas, deverá recuar por conta das políticas internas.
Brasil no mundo em 2020
Produtor…….8º
Exportador…….8º
Importador……10º
Fonte: FAO
FAO apontou crescimento em 2020
De acordo com as últimas estimativas da FAO, a produção mundial de arroz em 2020 teria aumentado 2,1% para 772,9 Mt (513,3 Mt base beneficiado). A produção asiática aumentou graças à extensão das áreas plantadas e melhores rendimentos na China e na Índia. Na Índia, a produção teria aumentado 3,5%, enquanto na China estima-se que tenha crescido apenas 0,5%. Os dados são do relatório mensal InterArroz, elaborado pelo economista Patrício Méndez del Villar, do Cirad, da França.
Segundo o boletim, na Tailândia, a produção melhorou em 3,7%, apesar da seca sofrida em meados do ano. Nos Estados Unidos, a safra cresceu 22% em relação ao ano anterior. Na América Latina, a produção também se recuperou, principalmente no Brasil. Na África Subsaariana, a safra de arroz foi atingida por inundações no final do ciclo de colheita, especialmente nas regiões ocidentais, e não deve melhorar muito em comparação com 2019, o que aumentará significativamente as necessidades de importação em 2021.
Comércio e estoques mundiais
Em 2020, o comércio mundial cresceu 2,9%, para 45,5 Mt contra 44,2 Mt em 2019. As necessidades de importação foram maiores na América Latina e no Caribe devido a um salto no consumo de arroz relacionado à pandemia de Covid-19.
A Índia, o maior exportador do mundo, viu suas exportações dispararem em 50% graças a preços extremamente competitivos. Em contraste, as vendas tailandesas caíram novamente em 25%, atingindo o nível mais baixo em vinte anos.
O Vietnã resistiu melhor à onda indiana, com queda de apenas 4,5%, subindo para o segundo lugar no ranking mundial e ultrapassando a Tailândia pela primeira vez em sua história. Em 2021, as previsões indicam uma recuperação significativa no comércio mundial de 6% para 48,2 Mt, 2,7 Mt a mais do que em 2020. Uma forte demanda de importação espera-se no Bangladesh e nos países africanos como Nigéria, Costa do Marfim e Senegal.
Estoques diminuíram
Os estoques mundiais de arroz no final de 2020 diminuíram de 1,5%, para 182,7 Mt contra 185,3 Mt em 2019. No entanto, eles permanecem em níveis satisfatórios, representando 36% das necessidades mundiais. Essa queda afetou principalmente a China, mas suas reservas ainda são importantes, equivalentes a 70% de seu consumo anual. Por outro lado, os estoques dos principais países exportadores devem aumentar novamente em 2020/21 para chegar a 53 Mt, ou 30% dos estoques mundiais. Entretanto, os estoques deveriam ser reduzidos nos principais países importadores, especialmente nos países africanos. Em 2021, os estoques mundiais poderiam permanecer estáveis em torno de 182,7 Mt.