Drenagem é fundamental na entressafra

 Drenagem é fundamental na entressafra

Estabelecimento com e sem palha

 Para a pesquisadora do Instituto Rio Grandense do Arroz Mara Grohs, não se pode esquecer que durante todos os manejos possíveis de entressafra em terras baixas, a drenagem é, talvez, a intervenção mais importante, visto que os micro-organismos mais efetivos (aeróbicos) necessitam de oxigênio. “O objetivo final desses procedimentos é que o produtor chegue em outubro com menor quantidade de massa sobre o solo, evitando assim dificuldades operacionais na semeadura”, frisa.

Ela alerta, porém, que para esse momento do cultivo se deve observar alguns cuidados. Primeiramente, a presença de palha, por menor que seja, aumenta a retenção de umidade do solo, o que favorece a presença de fungos. Nesse sentido, o agricultor deve atentar para a densidade de semeadura, considerando que algumas perdas poderão ocorrer, principalmente por apodrecimento, se as condições posteriores à semeadura forem de alta precipitação. Isso remete à necessidade de um bom tratamento de sementes, considerando também a maior população de insetos que poderão se concentrar nessa área, abrigados na palha.

Em última análise, é preciso estar atento à obrigatoriedade da inserção de nitrogênio na base, isto é, na linha da semeadura, visto que os micro-organismos ainda estão atuando no processo de decomposição, em menor escala, mas estarão ávidos por nitrogênio para completar esse processo, podendo retirá-lo do solo e causar deficiências às plantas de arroz.

O engenheiro agrônomo e produtor de alimentos Fernando Hoerbe, de Cachoeira do Sul, juntamente com o filho Daniel, também engenheiro agrônomo, tem buscado estas soluções desde o início da década de 1990, retirando a água cerca de 10 dias antes da colheita. Colhendo em solo drenado, reduz em torno de 30% o consumo de combustível, evita movimentar o solo, reduz os danos e a necessidade de manutenção nas máquinas e equipamentos e deixa o piso em condições para seguir as operações de manejo das lavouras de sucessão, no caso soja ou arroz.

Fernando reconhece que um dos obstáculos que enfrentou inicialmente foi a concentração da palha na resteva após a colheita. Então, buscou com empresas especializadas um equipamento que pudesse adaptar à colheitadeira e fosse eficiente na distribuição do material. “Estamos conseguindo evoluir nesse aspecto, com uma distribuição que favorece a decomposição da soca”. Ele enfatiza que antes de adotar o sistema em busca da colheita no seco e o plantio direto, tinha dúvidas se a retirada da água afetaria a qualidade do grão. “Essa teoria de que retirar a água antes da colheita quebra grão foi superada há mais de 20 anos aqui, podemos afirmar com toda a certeza que não existe. O grão quebra se atrasar a colheita, por desequilíbrio com fertilizantes ou uma circunstância de clima desfavorável”, destaca.

O milagre do nascimento /Juliana Moura

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