Efeito colateral
Área brasileira de arroz encolhe por falta de renda e geração de alternativas
A safra brasileira de arroz em 2022/23 terá a menor área semeada da história, ou pelo menos desde que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) passou a emitir levantamentos sistemáticos e estimativas, na temporada 1976/77, portanto, há 46 anos. O segundo levantamento da safra de grãos de verão, divulgado pela companhia em novembro, apontou uma área semeada em 1.517,3 milhão de hectares no país, indicando -6,2% de queda, ou exatos 101 mil hectares.
Isso indica que nos últimos 10 anos a área despencou 36,8%, desde que em 2012/13 foram semeados 2.339,6 milhões de hectares. No século 21, em duas décadas, a lavoura nacional do grão encolheu mais da metade do tamanho. Caiu 52,4%, desde a marca dos 3.186,1 milhões de hectares em superfície cultivada.
A Conab ainda projeta que o Brasil deverá ter um avanço de 5,2% em produtividade, de 6.667 para 7.012 quilos por hectare. A produção total, no entanto, deverá ser menor em -1,4%, caindo de 10.788,8 para 10.639,5 milhões de toneladas, ou 149,3 mil toneladas a menos. É claro que esses números serão adequados à medida em que o tempo passar e houver mais informações sobre a safra, em que a influência do clima será crucial.
A maior queda nessa cultura, segundo a companhia, se dá em área de plantio sequeiro, o que mais vem encolhendo ao longo dos tempos. As lavouras de sequeiro e terras altas somarão 292,7 mil hectares, com redução de 7,4%. A produtividade cairá mais 51 quilos, para 2.442 quilos por hectare, ou -2%. A produção, porém, deverá somar 714,7 mil toneladas, ou -9,3% que na temporada anterior. Nessas áreas, o cultivo de soja e milho tem sido alternativa mais rentável. Desta forma, a área de sequeiro representará apenas 19,3% no país, enquanto o irrigado deverá superar 80% da superfície de cultivo.
Fique de olho
A produção brasileira de arroz estimada para a safra 2022/23, apesar da redução mais forte na área, acima de 6%, não é a menor da última década e nem mesmo dos últimos 20 anos. A safra 2018/19, por exemplo, resultou em 10,483 milhões de toneladas, mesmo com o cultivo de 1,702 milhão de hectares, enquanto a de 2015/16 chegou a 10,603 milhões de t, com superfície semeada de dois milhões de hectares. Entre as safras 2000/01, 2001/02 e 2002/03, a média anual foi de 10,460 milhões de toneladas semeadas, também em média, 3,220 milhões de hectares.