Epagri/Ciram garante mais dados da área em SC
Com o auxílio dos extensionistas da Epagri, os dados foram conferidos em campo e validados pelas imagens orbitais.
Um projeto inédito do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri/Ciram) garante dados mais precisos da área cultivada de arroz em Santa Catarina ao utilizar técnicas de sensoriamento remoto e imagens Sentinel-2, um satélite europeu que capta imagens a cada cinco dias numa resolução de 10m. Os dados obtidos da última safra apontam uma área cultivada de 149.683 hectares, 6 mil a mais comparados ao levantamento realizado pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Cepa), que usa os mesmos métodos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Com o auxílio dos extensionistas da Epagri, os dados foram conferidos em campo e validados pelas imagens orbitais. Portanto, são considerados precisos para uso em futuros estudos de planejamento e monitoramento da cultura”, ressalta o coordenador do estudo, pesquisador Kleber Trabaquini, engenheiro-agrônomo com doutorado em Sensoriamento Remoto. “A metodologia que utiliza imagens de satélite tende a obter dados mais precisos pois se trata de uma abordagem objetiva, diferente dos dados do Cepa e do IBGE, que são obtidos por métodos subjetivos, a partir de questionários aplicados aos produtores. Além disso, nessa metodologia os dados são levantados de forma mais rápida e com menor custo”, explica o pesquisador Denilson Dortzbach, que integra a equipe do projeto. A pesquisa conta também com a participação de técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Os dados obtidos por satélite possuem um grande potencial de utilização, pois podem fornecer informação sobre grandes áreas da superfície terrestre em um prazo relativamente curto e em pequenos intervalos de tempo. Kleber comenta que esse mapeamento permite não apenas os dados de área, mas a localização espacial das quadras de arroz. “Isso nos possibilita realizar diversos estudos, como o conflito de uso da água, estudos relacionados ao zoneamento da cultura, estimativas de safra, consumo de água pela cultura, entre outros”, ressalta o pesquisador.
Ele explica que, além do mapeamento da cultura, o projeto será utilizado para o monitoramento da safra através dos satélites que medem os índices de vegetação, ou de forma mais simples, a biomassa da cultura. Um exemplo está na figura abaixo, que mostra o acompanhamento de duas safras, com destaque para as microrregiões de Turvo de Joinville, onde é possível identificar plantios e colheitas em épocas diferentes. “Na safra de 2016/2017 a região de Joinville iniciou o plantio em 05/09/2016, já Turvo teve início em 23/10/2016. Outro dado importante é a identificação da segunda safra de arroz, conhecida como arroz soca, que na região de Joinville é praticada comumente entre os produtores. No gráfico, é possível identificar a 2° safra ou segunda colheita na região de Joinville, cuja prática não é comum entre os rizicultores de Turvo devido ao clima”, explica Kleber.
Outra possibilidade do estudo é acompanhar cronologicamente o desenvolvimento da safra do arroz. Nas imagens abaixo, captadas pelo satélite Sentinel-2, é possível visualizar todo o ciclo da cultura do arroz, desde o pré-plantio (08/08/2018), o desenvolvimento pleno (30/12/2018), o início da colheita (29/02/2019) e a fase final da cultura ou fim da colheita (30/03/2019).
Santa Catarina é o segundo produtor nacional de arroz, com uma produção de 1,1 milhão de toneladas (safra 2019/2020), ficando atrás somente do estado do Rio Grande do Sul (dados da Epagri/Cepa). O geógrafo Valci Francisco Vieira, que integra equipe do projeto na Epagri/Ciram, comenta que o Sul do estado conta com as áreas de maior produção, com destaque para as mesorregiões de Araranguá, com 58.937 ha, seguido da mesorregião de Criciúma, com 21.942 ha, e de Tubarão com 18.924 ha. “Em relação aos municípios, Turvo apresentou a maior área plantada, com 11.770 ha, seguido de Meleiro, com 10.957 ha, e Forquilhinha, com 9.557 ha”.