Esperança é a última que morre
A chegada tardia das chuvas da primavera atrasou novos plantios de soja. Em rios importantes, a falta de água tem dificultado o transporte e a irrigação. No caso do arroz, a safra 2019/20 apresentou falta de água já no fim do ciclo em algumas regiões, mas a maior preocupação é a recomposição dos mananciais, ainda deficitária. Para os próximos meses, o fenômeno La Niña moderado manterá a chuva abaixo da média. “Uma das características da La Niña é que as chuvas serão mal distribuídas”, explica Jossana. Em novembro, várias regiões produtoras poderão terminar com menos de 50mm de precipitações.
Janeiro, até agora, será um dos poucos meses em que há previsão de chuva entre a média e acima da média na maior parte da Região Sul do país, mas com a Zona Sul Gaúcha ainda registrando precipitações inferiores ao normal.
“Parte das barragens não conseguiram recuperar o nível normal, e ainda foram acionadas para banhar o arroz e a soja cuja emergência era muito irregular. Isso não é uma boa notícia, é algo que preocupa muito. Além de vermos casos de replantio, existe a preocupação se a carga de água será suficiente para irrigar durante todo o período necessário e se vai chover para ajudar a semear estes a lavoura mais atrasada em terras baixas”, afirma Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). Ele recomenda que os agricultores procurem o melhor manejo possível dentro de cada realidade.
O Brasil vai aumentar área, segundo previsão da Conab, mas não tanto quanto poderia. “Notamos evolução maior do que o previsto na Zona Sul, que teve uma melhor recomposição dos mananciais, faz integração e esteve bom de chuvas. Em algumas cidades, a semeadura efetiva superou a área prevista. Mas, não é a realidade de todo o estado.
No Paraguai, em meados de novembro algumas lavouras estavam com 65 dias semeadas e ainda no seco ou apenas recebendo banhos. “É um ambiente diferenciado e muitos produtores preferiram guardar a água que tinham para o momento crucial, que é o reprodutivo”, descreve o consultor Rodrigo Schoenfeld. Segundo ele, apesar da forte redução de área, que estima entre 15% e 20% e outros 10% que podem ser abandonadas se a situação persistir, ainda há esperança. “Com clima diferenciado e com estes preços, é certo que se chover bem no fim de novembro e início de dezembro, o Paraguai retoma o plantio e o replantio”, diz.