Excesso de oferta e demanda fraca derrubam preços globais do arroz

 Excesso de oferta e demanda fraca derrubam preços globais do arroz

(Por Planeta Arroz, com Patricio Méndez del Villar) O mercado internacional do arroz voltou a sentir os efeitos do desequilíbrio entre oferta e demanda. Em julho, os preços médios globais do cereal recuaram 2,5%, reflexo de um cenário de abundância de produto disponível para exportação e de uma demanda internacional em desaceleração. A tendência de queda deve se manter até o final de 2025, segundo análise publicada no boletim InfoArroz, especializado no setor, do economista Patrício Méndez del Villar.

O recuo foi generalizado entre os grandes exportadores, com exceção dos Estados Unidos, onde os preços se mantiveram relativamente estáveis graças ao apetite dos mercados latino-americanos. Na Tailândia, o recuo foi expressivo. Já o Vietnã e a Índia registraram retrações mais suaves, sustentadas por compras consistentes das Filipinas e da África Ocidental. No Paquistão, a queda ficou em torno de 1%, influenciada pela oferta sazonal mais enxuta. No Mercosul, o tombo persiste há quase um ano, impulsionado por estoques elevados.

O índice de preços OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu para 189,7 pontos em julho, contra 194,6 em junho. A trajetória negativa continuou na primeira quinzena de agosto, com o índice marcando 188 pontos.

📈 Produção Mundial em Alta: Índia Assume a Liderança

De acordo com estimativas da FAO, a produção global de arroz atingiu 829 milhões de toneladas (Mt) em 2024 — um avanço de 2,8% sobre o ano anterior. Para 2025, a expectativa é de nova alta de 1%, com a safra chegando a 836 Mt.

A Índia assumiu o posto de maior produtor mundial, ultrapassando a China após um crescimento expressivo de 6% nas lavouras. A produção chinesa, por sua vez, caiu 1% em 2024, mas deve se recuperar no próximo ciclo. No Mercosul, a colheita de 2025 promete crescer 15%, revertendo os números decepcionantes de 2024.

Comércio Internacional

O comércio global de arroz avançou 12% em 2024, chegando a um volume histórico de 60 Mt. Esse crescimento foi impulsionado pela maior demanda da Indonésia e, principalmente, das Filipinas — um dos maiores compradores do cereal no cenário atual. A África Subsaariana também puxou a demanda, com alta de 17% nas importações. Em 2025, a região pode repetir o desempenho, com expectativa de crescimento adicional de 15%.

A China, por outro lado, reduziu significativamente suas compras externas, optando por utilizar suas vastas reservas domésticas. Ainda assim, a previsão é de que o comércio internacional alcance novo recorde em 2025, chegando a 62 Mt — cerca de 11% da produção global.

Estoques mundiais a caminho de novo recorde

Os estoques mundiais de arroz fecharam 2024 em 198,7 Mt, alta de 2,5%. Para 2025, espera-se um salto de 5,7%, com as reservas atingindo 209,5 Mt, novo recorde histórico.

A China mantém sozinha cerca de 100 Mt em estoque — o equivalente a 50% das reservas globais e 70% do consumo doméstico anual. A Índia também elevou seus estoques em 8% após limitar as exportações entre 2023 e 2024. Já os principais países exportadores, somados, detêm aproximadamente 67 Mt.

Preços estáveis

Nos Estados Unidos, os preços recuaram levemente (0,5%), enquanto as exportações registraram queda: 140 mil toneladas em julho, contra 145 mil em junho — 28% abaixo do mesmo período de 2024. O arroz Long Grain 2/4 foi cotado a US$ 658 por tonelada, recuando para US$ 650 na primeira quinzena de agosto. Na bolsa de Chicago, os contratos futuros do arroz em casca caíram 7%, fechando julho em US$ 279/t.

No Mercosul, os preços de exportação caíram pelo décimo mês consecutivo. Ainda assim, o arroz em casca brasileiro manteve preços firmes: US$ 246/t, ante US$ 241 em junho.

Queda de preços

Mesmo com produção e comércio em crescimento, a tendência de queda nos preços pode continuar nos próximos meses, pressionada pela combinação de altos estoques, ampla oferta e desaceleração da demanda em mercados estratégicos.

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