Fator China
Maior produtor global se torna o fiel da balança
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Um dos fatores que aquece o mercado internacional em 2017 é a posição chinesa nele. Maior produtora e consumidora mundial, a China detém 55% dos estoques mundiais. Em seu poder há arroz suficiente para manter o consumo no planeta por dois meses.
Isso, segundo analistas e agentes de mercado, mantém a relação entre a oferta e a demanda ajustada, pois ela é também a maior importadora e vai adquirir 4,8 milhões de toneladas de arroz neste ano, 13% do que será negociado no mundo.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) aponta que de 2015/16 a 2017/18 os estoques de arroz do planeta passarão de 115,8 para 122,52 milhões de toneladas (beneficiado).
A China passará de 63,74 milhões, 55% das disponibilidades mundiais, para 75,73 milhões (61,8%). O mundo aumentará em 5,8% a estocagem, mas as reservas chinesas vão inchar 18,8%. Suas exportações anuais ficarão em 600 mil toneladas.
Patricio Méndez del Villar, analista do Cirad, da França, considera complexas a posição e as ações chinesas com relação aos estoques alimentares, mas destaca a característica do gigante asiático em manter grandes suprimentos para atender a demanda industrial e o consumo. “Tem logística para manter estes patamares, ao contrário da Tailândia, que quase triplicou os estoques de 7 para quase 20 milhões de toneladas e uma parte se deteriorou e foi vendida a preços baixos para fins não alimentares”, explica.
Segundo o francês, a política de giro dos estoques chinesa impede a perda de qualidade e promove a renovação. “Há um fluxo eficiente para o mercado interno”, frisa. Como a estabilidade de preços internacionais dos alimentos favorece a segurança alimentar, os chineses não vão ofertar arroz e correr o risco de provocar movimentos erráticos de preços.
A grande demanda do país asiático não ocorre por falta de condições de produzir, pois é o maior produtor do mundo, com 143 milhões de toneladas (beneficiado), 28% do total mundial. A postura ocorre porque os preços internacionais são relativamente baixos frente ao custo da produção interna, uma vez que há um programa de subsídios e incentivos ao agricultor nacional. Além disso, a população do país cresce vertiginosamente, mesmo com a política do filho único, potencializando o consumo. A renda média da população também cresce. Vale lembrar que 92% de toda a produção mundial é consumida nos próprios países, restando apenas 8% para o comércio internacional. Exatamente por isso o mundo é sensível ao comportamento das colheitas e dos estoques. E a China se tornou o fiel da balança.
FIQUE DE OLHO
95% de autossuficiência. Desde 2012, quando passou a Nigéria, a China é o maior importador de arroz do planeta e demanda até 13% do comércio mundial por ano.