Fazer o certo na hora certa
O desenvolvimento em termos de produtividade e manejo da lavoura de arroz do Rio Grande do Sul e a integração de outras culturas no seu sistema de produção são inegáveis e promissores. Em arroz, a prioridade é a semeadura na época preferencial, para a área deve estar pronta no início da época de plantio.
Este objetivo começa a ser alcançado por colheitas no seco em anos e condições em que isso é possível e recomendável, ou se há formação de rastros por operações de recuperação da drenagem e o nivelamento da área imediatamente após a colheita. Em áreas onde não se repete arroz, o preparo antecipado pode ser feito no verão anterior. Em terrenos em rotação com soja, o trabalho é facilitado.
Na pós-emergência, quando as plantas estão com três, quatro folhas são realizadas três operações que demandam esforço e definem a qualidade da implantação da lavoura, pois não podem atrasar e devem ser feitas num período de dois a três dias sob pena de comprometer o que foi conquistado com a época de semeadura. É o momento de aplicar nitrogênio, o último planejado do controle de plantas daninhas e de estabelecer a irrigação definitiva da lavoura.
Essas práticas de manejo se completam com a correta escolha da variedade. O entendimento de suas respostas em termos de fertilidade, bem como da proteção do potencial produtivo construído. Por outro lado, a sustentabilidade da lavoura deve ser preocupação constante, por exemplo a relação de práticas de manejo com a emissão de gases de efeito estufa. O grande desafio é fazer na hora certa, mas é preciso buscar sempre uma lavoura mais sustentável.
Nos últimos 20 anos, podemos destacar alguns fatores de evolução, como a transferência de tecnologias em manejo da lavoura – adoção de uma proposta de ações para elevar a produtividade, reunindo as principais técnicas recomendadas pela pesquisa, com seus pontos chave, a começar pela época de semeadura e irrigação; o Sistema Clearfield – fundamental no manejo de arroz vermelho/plantas daninhas; desenvolvimento de pesquisa – variedades de alto potencial produtivo, qualidade de grãos, resistência genética, manejo; rotação/sucessão de culturas, como soja – decisiva à sustentabilidade da produção de arroz e à rentabilidade das áreas arrozeiras e a gestão da propriedade.
Nos próximos 20 anos, teremos desafios, tendências e oportunidades. O primeiro desafio será não esquecer lições aprendidas até aqui. A gestão de recursos humanos é uma nova fronteira de avanços – fazer as coisas na hora certa. Pessoas fazem a diferença. Motivação e capacitação continuada da equipe para incorporação de tecnologias inovadores oferecidas pelo mercado.
É também importante destacar a relevância do planejamento, administração gerencial e financeira da propriedade – agora, a empresa pode ter arroz, soja, forrageiras, produção animal, milho e sorgo.
Passaremos pela reorganização das áreas quanto ao sistema de drenagem, irrigação e domínio sobre o fluxo das águas – para potencializar usos, diversificar cultivos, reduzir estresses das plantas, dando mais segurança ao produtor. Adotaremos sistemas agrícolas sustentáveis e resilientes – cuidado com recursos naturais e proteção do solo, uso de produtos biológicos e conservação da qualidade da água, redução da emissão de gases poluentes e contaminações. Também há cada vez mais necessidade de agregar valor ao arroz, desenvolvendo produtos industrializados e tipos especiais.
Um dos grandes desafios é manter, recuperar e desenvolver um sistema de pesquisa fortalecido – envolvendo genética “embarcada” na semente, com resistência das plantas, potencial produtivo e qualidade. Máquinas, equipamentos, insumos e manejo para um sistema integrado de produção.
A agricultura evolui nas tecnologias que se somam para melhorá-la. Agricultura 4.0, internet das coisas, sistemas inteligentes e outras que virão a auxiliar na gestão de processos, reduzir esforços e aumentar a eficiência do trabalho, farão cada vez mais parte da rotina das propriedades e centros de pesquisa.
A transferência de tecnologia – integração entre o público e o privado – fará com que conhecimentos e recursos gerados sejam corretamente aplicados e tenham vida útil mais longa. Por fim, tendemos a nos deparar com uma época de reinvenção dos currículos e dos profissionais de Agronomia.