Firmeza no horizonte

Combinação que elevou preços a R$ 50,00
mudou, mas cotações devem seguir firmes
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A combinação de alguns fatores foi determinante para que o preço do arroz em casca no Sul do Brasil superasse R$ 50,00 em julho/agosto. A queda da produção asiática por causa do clima trouxe escassez para o mercado mundial. Isso elevou os preços internacionais em 2015/16, coincidindo com a valorização do dólar. Esse movimento ajudou o Brasil a exportar mais do segundo semestre do ano passado até abril, enquanto a safra no Sul do Brasil registrou quebra de 16%.

“Neste contexto, os preços internos avançaram, mas depois que os produtores tinham vendido o grosso da safra entre R$ 38,00 e R$ 42,00, frente a um custo superior”, explica Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul).

Para ele, a tendência é de que os preços do arroz em casca continuem subindo no segundo semestre, buscando a paridade de importação do Mercosul, cujo produto colocado em São Paulo no início de agosto ficava acima de R$ 55,00 na decomposição até o produtor estrangeiro.

De acordo com o economista, os preços podem chegar a R$ 54,00, R$ 55,00. “Isso, porém, dependerá da taxa de câmbio, que está caindo, mas não deve ir muito abaixo dos patamares de R$ 3,20 a R$ 3,30”, avisa.

Antônio da Luz acredita que as cotações arrozeiras seguirão a tendência de alta até dezembro para depois caírem até abril. Entende que o grosso da alta nos preços já aconteceu, frente às variáveis que dão sustentação. “Os ajustes agora vão se dar em pequenas margens”, frisa.
Ainda segundo o economista, mesmo com o fato de em outubro, ao final do pagamento do custeio, a cadeia produtiva já ter o “desenho” das dimensões da nova safra, isso não deve interferir nas cotações. “Ainda que seja criada a expectativa de uma safra normal em 2016/17, a indústria precisará do arroz no pico da entressafra, e não poderá esperar. E, neste caso, os preços são definidos pela necessidade pontual”, explica.

Mudança de ciclo
Para a safra 2016/17, a combinação de fatores que determinam o preço não será tão boa quanto a do final do primeiro semestre do ano atual para o arroz no contexto internacional e no mercado brasileiro. O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, destaca que as safras do hemisfério norte já estão sendo semeadas, e com previsão de normalidade. Isso indica cotações globais menos aquecidas. Com a taxa de câmbio em queda forma-se um cenário não tão positivo.

Diante disso, a recomendação do economista é de que os agricultores procurem baixar os custos e busquem manter os pés no chão. “O custo já aumentou e pode aumentar mais, pois estamos no inverno e ninguém garante que no verão não tenhamos bandeira vermelha nas tarifas novamente”, reconhece.

Antônio da Luz recomenda que, se for preciso, o rizicultor busque novas parcerias, mude de fornecedores, faça o necessário para gastar o mínimo possível sem afetar o desempenho da lavoura. “A eficiência com relação ao custo pode representar a rentabilidade da próxima safra”, reconhece. Para ele, os preços não deverão continuar aumentando ao longo de 2017.


FIQUE POR DENTRO

Antônio da Luz informa que o custo de produção da lavoura gaúcha de arroz já aumentou de novo. “Se o produtor fosse plantar em agosto a sua lavoura pagaria 7% mais, então não há razões para entusiasmo com preços pouco acima de R$ 50,00 por saca. É preciso ter os pés no chão. Os fertilizantes estão 19% mais baratos, mas os demais químicos subiram cerca de 10%, entre eles herbicidas e fungicidas. O custo do crédito subiu muito”.

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