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O desempenho das exportações brasileiras se deve, sobretudo, ao apoio do governo federal
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Desde o início do atual ano comercial, o volume acumulado das exportações brasileiras de arroz é de 1.105,5 mil toneladas, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Isto representa, em apenas sete meses, um crescimento de 76% do volume negociado em relação ao ano passado. “Se compararmos com o mesmo período do ano passado, verifica-se um aumento de 233% do volume negociado. Caso a média mensal até então obtida – que é de158 mil toneladas – seja mantida nos próximos cinco meses, o volume exportado chegará a 1,895 milhões de toneladas, representando 4% do comércio global”, avalia Tiago Barata.

Além do incremento no volume negociado, houve um aumento no número de países atendidos. “Neste ano comercial, já foi embarcado arroz brasileiro para 71 países, três a mais do que no ano passado. O continente africano, que no ano passado foi o destino de 78% do arroz exportado, representa atualmente 61% do mercado do cereal nacional, sendo América Central e Europa o destino de, respectivamente, 16% e 14% do volume até então exportado”, observa o consultor.

As importações, por outro lado, já contabilizam 492.787 toneladas (base casca) de arroz, um volume 16,7% menor do que havia ingressado entre março e setembro de 2010. A menor participação do arroz uruguaio nas importações brasileiras chama bastante a atenção. “Com os preços menos atrativos no mercado brasileiro, os uruguaios vêm priorizando os embarques para outros destinos. O Brasil, que historicamente era o principal mercado dos uruguaios, ocupa hoje a quarta colocação, sendo mais significativos os embarques para Peru, Irã e Iraque. Argentina e Paraguai são, atualmente, os principais fornecedores de arroz no mercado brasileiro, com, respectivamente, 44,5% e 30,7% do volume total importado no período”, informa Barata.

Mecanismo

O excelente desempenho das exportações brasileiras de arroz se deve, sobretudo, aos mecanismos de comercialização do governo federal que foram colocados em prática nesta safra. “O Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) foi decisivo para esta performance”, afirma o diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Rubens Silveira. “Vamos chegar a 1,5 milhão de toneladas embarcadas, o que é um recorde histórico”, prevê.

Silveira destaca que este é o quarto ano em que o Brasil exporta consecutivamente e que as empresas estão mais maduras. Mas o câmbio favorável e o mercado internacional acima de US$ 540,00 também ajudaram. “Podemos afirmar que o Brasil já está inserido entre os grandes exportadores mundiais. O mundo já enxerga dessa maneira. Temos produto, temos qualidade, mas ainda há coisas para resolver. Um exemplo são os embarques de arroz ensacado, uma demanda do comprador internacional que ainda é inviável em função dos custos. Os embarques a granel custam um terço mais barato que o ensacado. Por enquanto, esse tipo de exportação só é possível em contêineres, modalidade que já representa 150 mil toneladas das 1,1 milhão embarcadas a granel”, explica.

Questão de ritmo

Para o presidente do Sindarroz-RS, Elton Doeler, é fundamental que o Brasil mantenha o ritmo das exportações nas próximas safras, mas, segundo ele, isso só será possível se os mecanismos de comercialização forem permanentes. “As exportações são a melhor alternativa para escoar o excedente de arroz no mercado. No entanto, o PEP precisa ser mantido em razão de estarmos iniciando um modelo exportador”, ressalta.

O dirigente também reconhece que muitas indústrias acabaram perdendo o interesse pelo PEP, sobretudo nos últimos meses, em razão do valor do prêmio ter baixado de R$ 7,00 para R$ 0,90 em setembro. “Acabou ficando economicamente inviável para as empresas, que vinham trabalhando na média de R$ 5,00. Com isso, acredito que o volume dos embarques poderá sofrer uma pequena redução, mas nada que comprometa esta performance histórica”, admite.

Apoio oficial

O presidente da Abiarroz, André Barreto, estima que a participação do arroz brasileiro no mercado mundial seja ampliada a partir do acordo assinado entre a Apex-Brasil e a Abiarroz, com recursos de R$ 93 mil, para criar uma estratégia de promoção comercial, que subsidiará a criação de um Projeto Setorial Integrado (PSI). “Os PSIs são executados em parceria entre a Apex-Brasil e associações representativas dos setores econômicos, e oferecem uma grande diversidade de ações de promoção comercial, visando o fortalecimento dos setores produtivos brasileiros no mercado internacional”, informa Barreto.

Os recursos para a execução do projeto já estão disponíveis.  “Uma iniciativa com essa abrangência, que pode contemplar ações orientadas principalmente para a promoção de exportação, o posicionamento e a construção de imagem, a internacionalização e a inteligência comercial, nos ajudará a promover também a exportação de arroz industrializado e de produtos derivados do arroz (como a matéria-prima de barras de cereais)”, avalia o presidente da Apex-Brasil, Mauricio Borges.

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