Fora do quadro

 Fora do quadro

Produção, consumo
e também exportações mudam cenário nacional
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 É cedo para mensurar o impacto da covid-19 e da safra acima do esperado no quadro de oferta e demanda de arroz no Brasil, mas algumas tendências podem ser elencadas. A primeira delas é o aumento da produção, que pode passar de 10,9 milhões de toneladas e consolidar maior oferta exportável ao mesmo tempo em que assegura a autossuficiência do abastecimento doméstico sem contabilizar estoques e importações.

A segunda inclinação é a de que o consumo doméstico será maior do que o estimado pela antecipação das compras e as refeições nos lares. Desta forma, o consumidor brasileiro amplia a demanda por arroz e feijão, uma vez que ao se alimentar na rua busca opções de food service e fast-food. Este cenário se projeta em curto prazo. A longo prazo teremos a incidência de um nível recorde de desemprego sobre a economia e uma retração de 4% no Produto Interno Bruto, o que deve refletir em vários segmentos, a alimentação inclusa, segundo o economista chefe da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Antônio da Luz.

Com diversos players mundiais enfrentando dificuldades em abastecer seus clientes por quebra das cadeias logísticas ou decisões governamentais, o Brasil e o Mercosul se tornaram referência de fornecimento nas Américas e na África. A indisponibilidade dos Estados Unidos em atender novos contratos até setembro potencializou a expectativa de que os portos brasileiros ampliem os embarques de curto e médio prazos, o que é impulsionado pela desvalorização do real frente ao dólar. Mesmo valorizada em reais, a matéria-prima foi cotada entre US$ 9,90 e US$ 10,50/50kg (casca) em abril.

O câmbio e dificuldades logísticas e econômicas dos vizinhos países geram a expectativa de importações menores do mercado doméstico, apesar do primeiro trimestre de balança comercial compradora. O posicionamento do dólar é favorável às vendas brasileiras. Com uma produção maior, mas um consumo mais elevado e uma propensão a concretizar números favoráveis de exportação, espera-se que o Brasil conclua a temporada com estoques baixos. Por outro lado, os bons preços em reais até agora e o clima favorecendo o preparo de verão podem significar aumento de área para a próxima temporada nacional e no Mercosul.

RISCO
Por trás dessa medida, há um risco considerado alto pelo analista da AgroDados/Planeta Arroz, Cleiton Evandro dos Santos. “Aumentar a oferta sem garantia de que o consumo se manterá alto e com os Estados Unidos prevendo uma grande safra, pode comprometer o avanço da rentabilidade, alerta. Para ele, a regra de ouro é que o rizicultor mantenha-se cultivando as melhores áreas e buscando altos rendimentos por hectare. “Se aumentar área significasse renda a lavoura gaúcha não teria reduzido 250 mil hectares”.

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