Futuro ajustado
Na próxima década, a produção se manterá
pela queda de área
e maior produtividade .
O perfil da produção brasileira de arroz deve trazer grandes mudanças em área, rendimento e pela concentração do sistema irrigado em detrimento do cultivo em terras altas, mas o tamanho das safras não deve sofrer grandes alterações na próxima década. A conclusão é do estudo “Projeções do agronegócio – Brasil 2015/16 a 2025/26”, da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (AGE/Mapa).
Embora apresente algumas falhas, como a inexistência de previsão de exportações, a análise aponta que a produção nacional será elevada em apenas 2,6% em 10 anos – sobre a temporada passada – e será até menor do que o previsto para 2016/17, que o consumo crescerá apenas 0,7% na década e que o Brasil precisará importar menos 12,8% do que importa atualmente.
No entanto, as compras externas também estão superdimensionadas considerando os últimos anos. E a projeção desconsidera as exportações brasileiras do grão, que vêm tendo ótimo desempenho nos últimos 10 anos apesar da realidade ser diversa na atual temporada.
O trabalho foi divulgado no final de agosto e projeta a evolução ano a ano da cultura no país. As projeções foram realizadas utilizando modelos econométricos específicos. São modelos de séries temporais que têm grande utilização em previsões de séries. A utilização desses modelos no Brasil para a finalidade deste trabalho é inédita.
Apesar de o arroz ser uma cultura comum em quase todo o país, a maior parte da produção está concentrada em cinco estados: Rio Grande do Sul, onde predomina o arroz irrigado, que representa 69,8% da produção nacional de 2015/16, Santa Catarina 9,4%, Mato Grosso 4,5%, Maranhão 2,5% e Tocantins 5,4%.
No Nordeste, especialmente no estado do Ceará, o arroz é irrigado e se concentra em perímetros de irrigação. Uma pequena quantidade também é produzida nos estados por onde passa o Rio São Francisco, como Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Essas áreas também recebem irrigação.
A produção projetada para 2025/26 é de 11,5 milhões de toneladas, ou seja, de 100 a 500 mil toneladas menor do que aquela projetada para a temporada 2016/17 no levantamento de safra divulgado em outubro pela Conab (de 11,6 a 12 milhões de toneladas).
Para daqui uma década, a projeção é de um consumo levemente maior: 11,8 milhões de toneladas contra a projeção de 11,45 milhões em 2015/16. Como a safra passada foi baixa, estimada em 10,6 milhões de toneladas pela Conab, a AGE/Mapa projetou um aumento pequeno da produção de arroz nos próximos 10 anos. Porém, a taxa de crescimento da produtividade é elevada.
“O aumento projetado para a produção aparentemente é baixo, mas ele acompanha a projeção do consumo nos próximos 10 anos. A taxa anual projetada para o consumo de arroz é de 0,1% e da produção, 0,3%”, informa o relatório. Além disso, nos últimos cinco anos ocorreu redução do consumo de arroz no Brasil.
A relativa estabilização do consumo projetado, 11,8 milhões de toneladas em 2025/26, é condizente com os dados de suprimento da Conab nos últimos seis anos, entre 11,6 e 12,0 milhões de toneladas em 2015/16. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima para o próximo decênio um consumo per capita de arroz de 40 quilos por habitante.