Grão é grão, semente é semente

 Grão é grão, semente é semente

Cirino: material genético faz toda a diferença

Salvar grãos como sementes é prática ultrapassada
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O baixo crescimento da demanda por sementes certificadas no estado pode estar relacionado a uma questão cultural. “É comum o agricultor separar parte de sua produção de grãos para utilizar na safra seguinte como semente, uma prática conhecida também como ‘bolsa branca’. Em parte, isso ocorre porque as condições climáticas gaúchas favorecem obter uma semente de alta qualidade fisiológica para germinação. O mesmo ocorre com a soja e as forrageiras. Mas este é um procedimento que vem de uma época em que não havia produtores ou empresas produtoras de sementes”, descreve o engenheiro agrônomo da Apassul, Jean Carlos Cirino.

Conforme Cirino, o agricultor precisa fazer a distinção entre o que é grão e o que é semente. “Isso vale para todas as culturas. Grão é o que o produtor colhe. Semente é o que ele planta. Para o arrozeiro, o objetivo é produzir a maior quantidade de grãos com a máxima qualidade possível. A preocupação do produtor de sementes é produzir material com o máximo de qualidade fisiológica – visando a germinação, com a máxima qualidade sanitária – para não reintroduzir doenças na lavoura – e com a máxima qualidade genética – buscando a pureza física da cultivar, que são atributos indispensáveis de qualidade”, compara.

Ele explica que semente certificada representa em média 5% dos custos na preparação de uma lavoura. “É um investimento relativamente baixo. Se o produtor colocar na ponta do lápis o custo para produzir e armazenar a própria semente vai perceber que não vale a pena. Embora seja um insumo que ele consegue produzir por conta própria, diferentemente dos fertilizantes e adubos, por exemplo, esta não é a melhor estratégia para reduzir custos. O produtor tem que focar na produção de grãos”, recomenda Cirino.

Para Valdemir João Simão, é de fundamental importância que exista mais estímulo e apoio ao uso de sementes certificadas, com maior divulgação por parte da pesquisa dos benefícios e vantagens desta prática. “A semente é o meio mais barato e eficiente de difusão de novas tecnologias, é um vetor. Quando se alia a tecnologia disponível nas cultivares melhoradas com o manejo atualmente praticado em nossas lavouras, seja ele recomendado por Irga ou Embrapa, temos excelentes resultados. Mas ainda há muito trabalho a se fazer. Temos certeza que hoje os produtores que utilizam sementes certificadas, em sua maioria, as utilizam por convicção dos seus benefícios”, avalia o coordenador do Núcleo de Produtores de Sementes do RS.


FIQUE DE OLHO

Na visão do pesquisador Felipe Ferreira, o desafio é continuar aumentando a oferta de sementes e intensificar o fomento ao seu uso para que a lavoura de arroz do Rio Grande do Sul, em alguns anos, tenha 80% da área semeada com materiais certificados. “O ideal, quem sabe, seria chegar aos 90%, como acontece em outros países”, projeta.

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