Há 10 mil hectares de arroz que permanecem submersos na Argentina

 Há 10 mil hectares de arroz que permanecem submersos na Argentina

(Por Norte Corrientes, Arg) Para a campanha deste ano, os plantadores de arroz destinaram 92 mil hectares para cultivo em Corrientes, Província ao Norte da Argentina que faz divisa com o Brasil, no Rio Grande do Sul. Tinham esperanças de que as chuvas previstas pudessem aliviar as perdas registadas com a seca do ano passado, que representou uma queda em mais de 50% da produção. Eles até haviam adiantado e plantado um pouco mais cedo porque sabiam que as chuvas só chegariam em fevereiro.

Mas no início do ano e apenas quatro dias antes do início da colheita, o fenômeno El Niño chegou cedo, com chuvas superiores a 500mm e mais de 10.000 hectares plantados em Mercedes, Chavarría, Perugorría e Goya ficaram submersos, com mais de um metro de inundação. Boa parte destes – estima-se em mais de 4 mil hectares – registraram perda total.

Entre domingo, 7 de janeiro, e quinta-feira, 11 de janeiro, caíram 550 milímetros, volume expressivo diante de uma precipitação média anual de 1.200 milímetros, segundo Pedro Tomasella, da Associação Correntina dos Plantadores de Arroz (ACPA).

Os produtores tinham defesas armadas, mas estas foram sobrecarregadas pelo excesso de água. “A situação dos arrozeiros na região é alarmante. Eles vêm de uma estação seca fenomenal, agora têm que enfrentar enchentes”, diz Tomasella, um dos atingidos.

A situação já arruinou as perspectivas de uma recuperação produtiva que os arrozeiros tiveram depois de um ano em que muita área plantada foi perdida devido à seca.

Esses 10 mil hectares representam 11% do total plantado em Corrientes e cerca de 25% do plantio na região mais afetada pelo excesso de chuvas trazido pelo fenômeno El Niño naquela região. Nestas condições, já se prevê que 10% da produção de arroz da província, estimada em 550 mil toneladas, possa ser perdida.

Atualmente, a avaliação de impacto está a ser efetuada nas diversas culturas e atividades presentes no centro e sul da província, onde se encontra a maior quantidade de produtores de arroz de médio porte, com especial enfoque na bacia mais afetada, que inclui a Rios Corriente e Santa Lucía e que hoje em dia é o que ainda acumula muita água.

Nas atuais condições, prevê-se que 10% da produção de arroz da província, estimada em 550 mil toneladas, possa ser perdida.

Produtores e indústrias do Paraguai informaram nas duas últimas semanas o recebimento de demanda de arroz em casca e integral por parte de empresas argentinas, o que fortalece a preocupação com o abastecimento e as perdas da safra no país vizinho.

ESTRADAS RURAIS

Outro problema que se soma a esse panorama e que coloca a produção em xeque é o estado das estradas rurais.

As intensas chuvas provocaram inundações nas estradas rurais e danos à rede produtiva, causando grandes problemas de deslocamento entre os campos e as estradas que ficaram completamente alagadas. Em consequência desta situação, para não ficarem isolados, vizinhos e produtores tiveram que atravessar a água que se acumulava.

“Exceto as estradas de cascalho, esse é um problema que abrevia a produção, mas veremos na próxima semana que não há previsões de chuva excessiva, o que significa que teremos alguns dias sem chuva esperando a água começar a escoar na superfície”.

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